Capital

Rede de solidariedade resgata dignidade de mulher torturada pelo ex

Mariana Lopes e Luciana Brazil | 11/02/2014 19:14
Filhos da paraguaia felizes com as doações dos leitores do Campo Grande News (Foto: Marcos Ermínio)
Filhos da paraguaia felizes com as doações dos leitores do Campo Grande News (Foto: Marcos Ermínio)

O caso da paraguaia que foi agredida pelo ex-marido no final de semana passado gerou comoção entre os campo-grandenses e rendeu doações. Com quatro filhos pequenos, a estrangeira vive entre os extremos da emoção, entre o medo da violência do pai dos filhos dela e a alegria de contar com a solidariedade das pessoas.

Logo que o caso repercutiu na imprensa local, várias pessoas se mobilizaram para poder ajudá-la. Em apenas três dias, a família recebeu doações de roupas, comida, fraldas, brinquedos. Mas o gesto que deixou a paraguaia mais feliz foi o pagamento da multa que ela tinha na Polícia Federal e que a impedia de tirar a permanência dela no Brasil e também os documentos pessoais.

Na manhã de hoje, ela foi até a Polícia Federal, acompanhada de uma psicóloga e uma assistente social do Cras (Centro de Referência de Assistência Social), para quitar o valor da multa, que era de R$ 165. O dinheiro foi doação de uma pessoa desconhecida, que entrou em contato com o Cras.

Agora, sem dever nada, ela poderá retirar os documentos pessoais, como CPF e Carteira de Trabalho, em Campo Grande. Para obter a Carteira de Identidade, ela terá que ir até Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia mais próxima da Capital. E para fazer a viagem, a estrangeira também já recebeu doação de quatro passagens, para ela e os filhos.

Outra notícia boa que veio para a paraguaia é a de que ela poderá registrar a filha caçula, de 1 mês. Segundo a mulher, o registro de nascimento ainda não foi feito por falta de condições financeiras.

Abrigo – Sobre o fato de ela ter recusado ir para um abrigo, a paraguaia explica que ficou com medo de a separarem dos filhos e mandarem cada um para lugares diferentes.

De acordo com secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Jaqueline Hildebrand Romero, ela recebeu um primeiro atendimento do poder público, como alimentos e fraldas, e decidiu voltar para casa.

Contudo, ela afirma que não recusou nenhuma ajuda da Assistência Social ou doações de pessoas que se solidarizaram com a história dela. Inclusive é acompanhada desde 2011 pelo Cras do Estrela Dalva.

Sempre bastante quieta e cabisbaixa, ela disse que sente vergonha da condição na qual o ex-marido a colocou por causa das agressões, por isso, pediu à reportagem que não mostrasse o rosto dela, mas recebeu e conversou com a equipe do Campo Grande News.

Hoje, a prioridade da paraguaia é tirar os documentos pessoais e a Certidão de Nascimento da filha caçula (Foto: Marcos Ermínio)

Durante a entrevista na casa dela, nesta terça-feira, a equipe de reportagem levou as doações feitas pelos leitores do jornal. Junto com comidas, leites, roupas e fraldas, a alegria também chegou ao lar da família. Enquanto a mãe respondia às perguntas da repórter, as crianças tiravam os produtos das caixas. Em meio às lágrimas, as doações também levaram sorrisos aos filhos da paraguaia.

Esperança – Com tantos gestos positivos, vindos de todos os lados e de pessoas desconhecidas, uma nova esperança deu brilho aos dias da paraguaia. Mesmo com o medo do ex-marido que ainda a assombra, ela diz que a partir de agora acredita “que tudo vai mudar”.

Por enquanto, ela vive o hoje, sem muitos planos para o futuro. De imediato, quer providenciar os documentos pessoais e a Certidão de Nascimento da filha caçula.

O ex-marido, Fábio Assis, continua solto, mas não a procurou. Ele está com medida protetiva e proibido de chegar perto da ex-mulher.

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