Capital

Psiquiatra defende tratamento compulsório de dependente químico

Viviane Oliveira | 09/02/2012 22:45

O caso de uma menina de 12 anos que furtava para comprar pasta-base expôs ainda mais o problema que, para o médico Marcos Estevão, exige tratamento precoce, obrigatório e com apoio familiar

Conforme o médico, para evitar a perda do raciocínio o tratamento deve ser precoce, compulsório e deve ter o apoio familiar. (Foto: Marlon Ganassin)
Conforme o médico, para evitar a perda do raciocínio o tratamento deve ser precoce, compulsório e deve ter o apoio familiar. (Foto: Marlon Ganassin)

O caso da menina de 12 anos que furtou uma mercearia no bairro Lageado, em Campo Grande, para comprar pasta-base de cocaína, trouxe à tona uma discussão sobre o tratamento para usuários de drogas.

De acordo com psiquiatra Marcos Estevão do Santos Moura, experiente no tratamento de dependentes, para evitar a perda do raciocínio e outros efeitos devastadores da droga, o tratamento deve ser precoce, compulsório e deve ter o apoio familiar. Ele defende o tratamento compulsório, já utilizado em outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro.

“Aqui no Estado ainda não temos o tratamento compulsório, por isso é imprescindível o apoio familiar. Se não tiver alguém para conter o paciente em casa o tratamento deve ser em uma clínica”, disse.

Marcos Estevão explicou ainda que o organismo infantil está em formação e as drogas agem diretamente no cérebro, alterando toda a estrutura do desenvolvimento corporal.

“Na criança e no adolescente a droga é muito destrutiva porque o neurônio está em formação. No adulto a droga destrói a parte do raciocínio e na criança o que ela já adquiriu e não deixa desenvolver o que está se formando”, afirma.

No período da adolescência, qualquer interferência pode ser altamente prejudicial.

Mãe da garota e a irmã mais velha. (Foto: Marlon Ganassin)

Conforme o psiquiatra, a dependência química não tem cura e quanto mais tarde este paciente demorar a passar por tratamento mais fragilizado e dependente ele vai estar.

“Tem tratamento que é para a vida toda. O consumo prolongado da droga causa um comprometimento maior do estado físico do paciente”.

A dependência química cada vez mais cedo torna a criança e o adolescente mais vulnerável à depressão, ao homicídio e até mesmo a se tornar uma vítima da violência, explica.

Os próximos passos - A mãe da menina que virou notícia esta semana após ser flagrada tentado levar dinheiro de um mercado - que hoje completou 13 anos - disse que amanhã vai procurar o Conselho Tutelar para que a garota seja encaminhada a tratamento contra dependência química.

Na tarde de ontem (8) a adolescente e a mãe foram ouvidas pelo delegado Maércio Alves Barbosa, da Deaij (Delegacia Especializada em Atendimento a Criança e Juventude). Ele orientou a mãe a procurar o Conselho Tutelar e pedir novo encaminhamento para tratamento da filha. A menina já chegou a ser internada duas vezes.

A mãe está de licença na empresa onde trabalha. Ela passou esta quinta-feira com a filha. No final da tarde, foi à farmácia comprar um calmante para a menina que estava muito agitada e queria sair para a rua.

A garota, que parou de estudar na 4ª série, já apresenta o resultado da droga, como magreza, sonolência e raciocínio lento. “Hoje de manhã ela chorou bastante. Tenho fé em Deus que minha filha vai sarar desta doença”, disse a mãe.

Quando a equipe esteve na casa, a garota chegou a se esconder debaixo da cama.

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