Capital

Professores vão distribuir café de "verdade" na Câmara Municipal

Antonio Marques | 31/07/2015 12:23
Depois de cortar bolo na frente da Prefeitura, na última quarta-feira, na semana que vem os professores em greve vão distribuir café na Câmara Municipal (Foto: Fernando Antunes)
Depois de cortar bolo na frente da Prefeitura, na última quarta-feira, na semana que vem os professores em greve vão distribuir café na Câmara Municipal (Foto: Fernando Antunes)

As vésperas de completar dois meses de paralisação, a greve dos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino) está longe do fim, diante do impasse entre a ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) e o prefeito Gilmar Olarte (PP). Nem a Justiça e o Ministério Público conseguir apresentar uma solução para que as aulas voltem à normalidade. Pelo menos 50% das escolas estão funcionando parcialmente, sem professores de algumas disciplinas. Na próxima semana os educadores vão distribuir café de "verdade" na Câmara Municipal.

A Prefeitura alega que não tem mais escolas totalmente paradas, sendo 59 com aulas normal e em 35, com funcionamento parcial, como se isso não levasse prejuízo aos alunos, que já estão deixando a rede municipal e migrando para estadual, especial os estudantes do 9º ano do ensino fundamental. “Mesmo em sala de aula, os professores estão sem brilho nos olhos, em razão de o prefeito não cumprir a lei que ele mesmo encaminhou à Câmara Municipal”, comentou o presidente da ACP, Geraldo Alves Gonçalves.

O sindicato informou que na próxima semana divulga novo balanço sobre a greve, mas conforme o Campo Grande News apurou não existe mais escola totalmente parada. Nos dados do sindicato, relativos à segunda-feira passada, seriam 51 escolas funcionando parcialmente; 38, com aula normal; e uma com todos os professores parados. Porém na terça-feira, a Escola Municipal Carlos Vilhalva Cristaldo, localizada no Jardim Aeroporto, única apontada em greve geral, teria retornado a funcionar parcialmente.

Na tarde de hoje, a partir das 14 horas, haverá nova assembleia geral na sede do sindicato, mas conforme o presidente da ACP, Geraldo Alves Gonçalves, na pauta será debatido apenas o calendário de atividades dos grevistas para a próxima semana, considerando que a Prefeitura não apresentou nenhuma nova proposta e nem respondeu à solicitação da categoria.

“Cobramos do secretário de educação Marcelo Salomão a audiência com o prefeito, que ele fez compromisso na terça-feira e até agora não nos respondeu”, lembrou o dirigente sindical, referindo-se ao envio de ofício da entidade cobrando resposta do chefe da Semed (Secretaria Municipal de Educação).

Os professores cobram do prefeito o cumprimento da Lei Municipal 5.411/2014, que estabelece o reajuste de 13,01% do piso salarial nacional para 20 horas semanais. No primeiro semestre, a paralisação foi suspensa depois de 47 dias e nesta semana já são mais 5 dias de paralisação.

A proposta da prefeitura, que previa reajuste de 8,5% em 10 vezes e condicionava o aumento à redução no gasto com pessoal, foi rejeitada pela categoria, na segunda-feira, 27, em assembleia geral da categoria.

Segundo o presidente da entidade, a proposta do município piorou em relação a anterior, porque não prevê a retomada da negociação em outubro para o 4,5% restantes e ainda condiciona o reajuste ao gasto com a folha ficar abaixo do limite prudencial de 51,3% da receita, conforme prevê a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). “Isso não é proposta para nós, pois se não alcançar a redução do limite prudencial não haverá reajuste algum”, destacou Geraldo Gonçalves.

Café - Na próxima semana, com a volta do recesso legislativo, os professores retomam as manifestações na Câmara Municipal. Agora eles vão distribuir café na Casa. “Na terça-feira e quinta-feira, os educadores vão tomar café de verdade com os vereadores”, declarou o presidente da ACP, informando que o sindicato vai levar garrafas de café para as dependências da Câmara dos Vereadores e oferecer o produto aos frequentadores e os próprios parlamentares. Antes do recesso, os professores distribuíram pizzas no local.

Geraldo Gonçalves disse que o Tribunal de Justiça deve incluir na pauta uma audiência de conciliação para tratar do assunto, porém sem previsão. E o Ministério Público vai abrir inquérito contra a Prefeitura para apurar as duas representações da ACP, pelo descumprimento da lei municipal 5.411/2014, e por improbidade administrativa.

De acordo com assessoria da Prefeitura, não houve até o momento qualquer alteração relativa à proposta apresentada aos professores.

Antes do recesso legislativo, os professores distribuíram pizzas na Câmara dos Vereadores para cobrar apoio da Casa na negociação com a Prefeitura (Foto: Divulgação ACP)
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