Capital

Professores trabalham de luto um dia após morte de aluno durante assalto

Jean foi baleado na Rua Cláudio Coutinho, no Bairro Campo Nobre, em frente à Casa de Carne Dois Irmãos

Viviane Oliveira e Bruna Kaspary | 27/06/2018 09:26
Abalados, diretor e professor lamentam a morte de aluno que cursava o 2º ano do Ensino Médio (Foto: Saul Schramm)
Abalados, diretor e professor lamentam a morte de aluno que cursava o 2º ano do Ensino Médio (Foto: Saul Schramm)

“Ele era um bom aluno. Não dava trabalho. Estamos desolados.” As frases são de Adaltu Júlio da Costa, diretor da Escola Teotônio Vilela, no Bairro Universitário, onde estudava o adolescente Jean Kaio da Costa Oliveira, 17 anos, morto com tiro no peito durante tentativa de assalto.

O menino foi baleado na tarde de ontem (26), na Rua Cláudio Coutinho, no Bairro Campo Nobre, em frente à Casa de Carne Dois Irmãos, em Campo Grande. Após o crime, o suspeito que usava boné vermelho fugiu em uma bicicleta. Ele ainda não foi preso.

A vítima foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) à Santa Casa, onde deu entrada às 15h e morreu minutos depois. Desde o início do ano, Jean era menor aprendiz no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e cursava o 2º ano do Ensino Médio no período da noite.

Segundo Adaltu a comoção foi tanta, que precisou dispensar os alunos da sala de Jean. “Não tinha como dar aula para a turma. “É difícil encontrar vazia a carteira de um aluno que você sabe que não vai ver nunca mais”, diz emocionado o diretor. Tanto os professores quantos os alunos ficaram sabendo da morte no horário da aula.

O diretor reclama da segurança na região. Ele diz que é muito precária e que somente neste ano acionou a polícia por várias vezes. Não tem iluminação no entorno, situação que facilita os assaltos no período noturno. Outro agravante, conforme Adaltu, é a questão dos horários dos ônibus do transporte coletivo. A aula termina 22h30, mas o ônibus passa 5 minutos antes.

Jean em foto postada na página pessoal, no Facebook. (Foto: reprodução/Facebook)

Em razão disso, os alunos acabam ficando mais de 15 minutos expostos na rua aguardado o próximo, o que chama a atenção de criminosos. “Eu não posso liberá-los mais cedo porque a carga horária tem que ser cumprida e os pais precisam autorizar”, explica.

Também muito triste com a situação, o professor Pedro Henrique Batista ficou sabendo da morte do aluno quando chegou para lecionar. “Estava rindo com outro professor e fazendo piada, quando entramos na sala ficamos sabendo o que havia acontecido”, diz.

Revoltados com o fato, os alunos do 3ª ano resolveram se mobilizar e marcaram para às 6h30, pouco antes do começo da aula, uma manifestação em frente à escola. “Vamos pedir mais segurança no bairro. A região tem muito assalto”, explicam o professor e o diretor. O bairro em que a vítima vivia fica na redondeza da escola. Jean está sendo velado na Funerária São João Batista, na Rua 13 de Maio.

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