Capital

Preso por venda irregular de lotes, aposentado diz que foi vítima de golpe

Graziela Rezende | 05/12/2013 10:04
Aposentado tenta provar que não faz parte de quadrilha. Foto: Graziela Rezende
Aposentado tenta provar que não faz parte de quadrilha. Foto: Graziela Rezende

Acusado de estelionato, falsidade ideológica e formação de quadrilha, o aposentado Ramon Rachid Duarte, 61 anos, acusa que foi vítima de um golpe do irmão, o engenheiro civil Washington Lima Duarte, 49 anos. Este último está qualificado como testemunha no inquérito policial que investiga a venda irregular de lotes e, após quatro dias preso, Ramon tenta provar que foi ele quem “arquitetou” o crime.

“Ele possuía muitas dívidas e processos, então comprou um loteamento em meu nome, com a promessa de me repassar posteriormente imóveis. E como era dono da Terceiro Milênio imobiliária, que somente depois descobri que desde 1996 estava cancelada, decidi ajudá-lo”, afirma o aposentado.

Depois de efetuada a compra, de uma área que originou 700 lotes e o bairro Cristo Redentor, Ramon fez o serviço braçal e posteriormente foi lançada a venda. “Eu passei dois anos carpindo o terreno, nomeando as ruas com a ajuda de um topógrafo e meu irmão estava sempre por perto, conversávamos diariamente, então jamais desconfiei dele”, diz o aposentado.

Com o início da venda, algo que Ramon comenta que ‘não se envolvia’, Washington teria pedido a ele para passar uma procuração. “Ele contratou uma advogada começou a vender os lotes por meio de contrato de gaveta. E sem eu saber, abriu três empresas em meu nome, sendo uma em Dourados e duas construtoras. A descoberta foi recente, quando perdi uma moto por falta de pagamento dele”, diz o aposentado.

Procuração - Na manhã do dia 8 de julho, Ramon decidiu ir ao cartório e revogar a procuração. “Assim que Washington ficou sabendo, na tarde do mesmo dia, transferiu 27 lotes escolhidos a dedo para um servidor público estadual. E com o nosso desentendimento, também orientou uma das vítimas procurar a delegacia e isso originou as prisões”, garante o aposentado.

Além de Ramon, a esposa Telma Fátima Neide Duarte, 50, Vitor William Mendonça Lopes, 29, Leonel Paralamare, 59, e Jerferson Narciso Belazi, 26, foram detidos. “Minha esposa é servidora pública, vivemos do salário dela, que é pouco mais de R$ 3 mil e minha aposentadoria de R$ 1,2 mil. Os outros são corretores de imóveis, que estavam exercendo a sua profissão”, diz o aposentado.

Dos 700 lotes, o aposentado ressalta que comercializou dez. “Todos os lotes que vendi possuem matrícula e foram escriturados. Eu inclusive desafio algum deles a dizer que existe alguma pendência, diferente do Washington, que vendia por meio do contrato de gaveta. Por ser alguém da minha família, jamais desconfiei”, comenta o aposentado.

Advogado de Ramon, Marcos Ivan Silva diz que a ação penal será um desafio. “A conduta ilibada do Ramon, ao contrário do irmão, já seria uma prova de tudo o que estamos falando. No entanto, vamos provar que ele foi vítima de um verdadeiro estelionatário”, afirma o advogado.

Carros de luxo - Entre os bens adquiridos por Washington, em nome de Ramon, existem um caminhão, um Fiesta e dois Land Rover Discovery. “Enquanto eu ando com um veículo Belina de 1983 e minha esposa com um Gol, ele estava com carros luxuosos. Foi recentemente que fiquei sabendo, com a chegada de R$ 60 mil em despesas de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores)”, finaliza o aposentado.

Além de Ramon, as outras pessoas presas durante a operação Cristo Redentor, já estão soltas. A Polícia continua investigando o caso.

Aposentado e advogado preparam defesa. Foto: Graziela Rezende
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