Capital

Preso por assaltos, jovem sem passagens diz que "estava no lugar errado"

Nadyenka Castro | 09/05/2012 18:30

Funcionário de uma empresa, ele alega inocência e foi preso ao sair de casa com o primo foragido e armado

Sempre de cabeça baixa, Alex fala que não tem participações em assaltos e que "quer trabalhar e viver honestamente". (Foto: João Garrigó)
Sempre de cabeça baixa, Alex fala que não tem participações em assaltos e que "quer trabalhar e viver honestamente". (Foto: João Garrigó)

Preso na última segunda-feira apontado como integrante da quadrilha que fez pelo menos 11 assaltos em Campo Grande, o auxiliar administrativo Alex Ferreira Trajano, de 26 anos, era o único do grupo que não tinha passagens pela Polícia. Ele, que tem Carteira de Trabalho assinada, alega inocência e diz que “estava no lugar errado e na hora errada”.

De acordo com o delegado Fabiano Nagata, da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Roubos e Furtos), Alex não praticava os roubos como os outros três, mas, já havia passado arma de fogo para um deles a pedido de outro.

Conforme o delegado Pedro Espíndola, titular da Derf, o rapaz foi preso quando saía de casa junto com o primo Deivison Silva Trajano, de 21 anos, para pegar os demais comparsas. Segundo o delegado, Alex levaria Deivison, Fábio Bezerra da Silva, de 18 anos, mais conhecido como “Fábio Babão”, e Walisson Constate de Oliveira, de 20 anos, para assaltar uma igreja localizada na avenida Afonso Pena.

Vestido com o uniforme da empresa onde trabalha e com algemas nas mãos, Alex fala que estava indo trabalhar quando os policiais chegaram. “Agora, isso vai me prejudicar e muito no meu serviço”.

O rapaz conta que estava com o primo porque o jovem havia dormido em sua casa. “Eu sabia que ele era foragido. Mas, vou fazer o que? Vou denunciar e ele me matar depois?”, questiona justificando a companhia de Daivison. Alex fala que não sabia que o primo estava fazendo assaltos nem que estava armado.

“Ele é envolvido em tudo de errado”, fala Alex referindo-se ao primo Daivison. Em sua defesa, o jovem diz. “Estou desesperado. Não sei o que fazer”.

De acordo com a Derf, Daivison e ‘Fábio Babão’ são os mais perigosos da quadrilha. Ambos são bastante violentos. O primeiro, segundo a Polícia, é acusado do roubo ocorrido na casa do prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) em abril de 2009.

Além deles é apontado também como integrante do bando um adolescente de 17 anos, Fernando Henrique da Silva Chuva, de 21 a nos, conhecido apenas como “Chuva”. Ele está foragido e seria a pessoa que dirigia um Santana para levar o grupo para fazer assaltos.

Conforme a Derf, a quadrilha é especializada em roubos a comércios e vinha cometendo arrastões em Campo Grande. Os criminosos agiam em padarias, postos de combustíveis, fábricas e residência. Em uma das casas chegaram a utilizar uniformes da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

Como evitar? - O delegado Fabiano Nagata explica que o contratante precisa buscar o máximo de informações possíveis sobre candidatos a vagas, incluindo passagens pela Polícia. No entanto, mesmo com detalhes sobre os candidatos é muito difícil saber se a pessoa vai se envolver ou já esteve envolvida em crimes.

O delegado Pedro Espíndola diz que trabalhadores que se envolvem em crimes normalmente não têm passagens pela Polícia, buscam emprego com o objetivo real de trabalhar, mas, com o tempo acabam desviando o foco e podem até cometer roubos contra os empregadores. Nem sempre participam da ação concreta, na maioria das vezes passam “informação privilegiada”. “É comércio a venda de informações”. “É comum demais”

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