Capital

Preso há mais de cinco meses, assassino de “Venuz” nega crime nas redes sociais

Na cadeia desde dezembro, o homem criou uma nova página na rede social e rebateu as críticas na internet

Geisy Garnes | 03/07/2021 17:00
Foto atualizada por Nilson no dia 20 de maio de 2021 (Foto: Reprodução Facebook)
Foto atualizada por Nilson no dia 20 de maio de 2021 (Foto: Reprodução Facebook)

Meses após o dia em que agrediu a ex-namorada a garrafadas, Nilson Castro Siqueira, de 35 anos, usou o Facebook para negar a responsabilidade da morte de Venuzina de Fátima Mendes Leite, de 44 anos. Mesmo preso desde o dia do crime, o homem criou uma nova página na rede social e rebateu as críticas na internet. “Tudo mentira o que estão falando”.

O jardineiro foi preso no dia 19 de dezembro, logo após espancar a ex-namorada na rua. Por três meses, a dançarina Venuzina, conhecida como “Venuz”, lutou pela vida em uma cama da Santa Casa de Campo Grande. Mas partiu no dia 20 de março deste ano, deixando saudade e revolta.

Em meio à confusão de sentimentos, as redes sociais se transformaram em tela para se expressar a dor. A última foto publicada por Nilson, um dia antes do crime, foi o espaço escolhido por várias pessoas para pedir justiça, avisar sobre a morte da dançarina ou simplesmente despejar a raiva diante do crime brutal.

Há seis semana, o mesmo espaço foi usado por ele para se defender. Em três comentários feitos de um novo perfil, o agora réu pelo assassinato de Venuzina, negou o crime. “Não dei garrafada nela, nem cheguei perto. De lá ela foi correr escorregou, caiu e bateu a cabeça, não fiz nada”, escreveu. “Não chutei ela, nem dei soco. Tudo que saiu na mídia não é verdade”.

Nilson ainda afirma que “ninguém tem nada a ver com isso” e que sequer conhece as pessoas que o xingaram na rede social. O comentário de defesa não soaria estranho se ele não estivesse preso desde o dia 19 de dezembro do ano passado.

Preso em flagrante no dia das agressões contra a ex-namorada, Nilson teve a prisão preventiva decretada e não saiu mais. Em 9 de junho, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, a 1ª Vara do Tribunal do Júri, analisou a necessidade de manter o jardineiro preso e entendeu que havia indícios suficientes para isso.

O tempo na cadeia não foi empecilho para Nilson tentar dar sua versão. No mesmo dia em que fez os comentários, 20 de maio, mudou a foto do novo Facebook criado por ele. A capa passou a ser uma imagem sua ao lado de “Venuz”.

Enquanto o jardineiro nega o crime, o Ministério Público reforça a autoria com base nos depoimentos da amiga da vítima, que estava com ela no momento das agressões e do filho, de 19 anos, que correu para socorrer a mãe assim que ouviu os gritos.

Segundo a denúncia enviada a justiça, a vítima caminhava com a amiga quando foi abordada e espancada a garrafadas, socos e chutes. Desesperada, a testemunha gritou e o filho de Venuzina foi ao socorro dela com uma barra de ferro na mão. Só assim Nilson parou as agressões. Dali, a dançarina foi levada para a Santa Casa, onde passou os últimos três meses de vida. O ato de violência foi a confirmação de ameaças feitas pelo homem meses antes.

Desde agosto de 2020 ele não podia se aproximar da ex-namorada por força de uma medida protetiva pedida justamente por conta de ameaças de mortes feitas por ele após o fim do relacionamento. Mais uma barreira da justiça que foi desrespeitada por Nilson.

A equipe do Campo Grande News procurou a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para saber em que unidade prisional Nilson está, se foi flagrado com aparelhos celulares e entender o acesso a internet aos presos. Em resposta a Agência Estadual informou "que as informações serão averiguadas e tomadas as providências cabíveis".

"Venuz" tinha 44 anos e era dançarina (Foto: Reprodução Facebook)


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