Capital

Presa por assaltos em série, mulher afirma ter sido forçada a cometer crimes

Sem ter para onde ir, ela explicou que se viu envolvida nos crimes em troca de abrigo, comida e drogas

Geisy Garnes | 17/09/2021 10:37
Ana confessou os crimes, mas afirmou que foi forçada a participar. (Foto: Reprodução Vídeo)
Ana confessou os crimes, mas afirmou que foi forçada a participar. (Foto: Reprodução Vídeo)

Presa por participar de pelo menos sete assaltos em Campo Grande nos últimos três dias, Ana Flávia Cunha Urbanin, de 45 anos, afirmou em depoimento que foi forçada a ajudar o namorado Gabriel Alves Pereira, de 31 anos, nos crimes. Sem ter para onde ir, ela se viu envolvida nos crimes em troca de abrigo, comida e drogas.

Essa versão foi contada por Ana na delegacia, logo após sua prisão em um motel da Vila Nhanhá. Ela explicou que, há muitos anos, é usuária de drogas e, atualmente, não tem onde morar. Há quatro dias, começou a namorar Gabriel e logo se viu envolvida nos crimes, que segundo ela, ele já cometia sozinho.

Ficava responsável por vigiar os locais, enquanto o companheiro rendia funcionários com uma arma de brinquedo e pegava dinheiro dos caixas. Depois, fugia com ele de moto. Ana afirmou que todos os dias dormiam em motéis, já que não tinham casa e que todo dinheiro dos crimes ficava com Gabriel, mas em troca da “ajuda”, ele pagava comida, a estadia e droga para ela.

Ana também negou ter participado dos sete crimes, confessou estar presente em quatro deles, mas confirmou todos os que soube. Na lista de passagens da mulher, o envolvimento dela com homens para cometer crimes não é novidade. A cada processo, o histórico se repete.

Os crimes de Ana Flávia começam em 2012, quando se uniu ao companheiro para cometer estelionatos na cidade. Dois deles foram descobertos pela polícia. O primeiro foi a compra de três bicicletas infantis, que somaram R$ 300, com um cheque furtado e o segundo, a aquisição de roupas de cama que nunca foram pagas.

No ano passado, Ana acabou presa por roubos, desta vez, com um novo comparsa, Anderson Serra Martins. Juntos, renderam o dono de um Nissan March e fugiram com o carro e um iPhone 7, no dia 13 de junho. Para conseguir roubar o veículo, o assaltante deu coronhadas na cabeça da vítima e ainda passou por cima das pernas dela na fuga.

Minutos depois, o casal entrou em uma farmácia próximo ao Trevo Imbirussu, rendeu funcionários e levou R$ 200. A invasão do ano passado tem as mesmas características dos crimes dos últimos dias: Ana Flávia ficava do lado de fora, vigiando, enquanto o comparsa usava uma arma de brinquedo para assaltar.

Na data, os dois acabaram presos após serem perseguidos pela polícia na Avenida Gunter Hans e baterem o carro roubados em um poste de iluminação. Antes, contaram, foram até uma favela comprar cocaína com o dinheiro roubado.

Por esse crime, Ana ficou presa no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi, mas foi absolvida e ganhou a liberdade em novembro do ano passado.

Já Gabriel tem uma extensa ficha criminal, principalmente, por furtos. Em um deles, em maio de 2020, o suspeito levou uma caminhonete F250, no Jardim Jacy. Conforme apurado pela Campo Grande News, de maio de 2019 até essa sexta-feira, ele soma nove processos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Nesta manhã, preferiu ficar em silêncio.

Casal foi encontrado em um motel, no Nhanhá. (Foto: Divulgação)

Os assaltos - Desde segunda-feira (13), imagens do casal em ações criminosas são divulgadas. A primeira delas aconteceu em uma lanchonete na Avenida Afonso Pena, na região do Bairro Amambaí. As câmeras de segurança no local flagraram o assalto "relâmpago", que ocorreu em menos de 20 segundos.

Segundo a polícia, depois disso, o casal cometeu outros seis roubos. No dia 14, terça-feira, assaltaram duas lanchonetes: uma na Rua Euclides da Cunha, no Jardim dos Estados e outra na Rua Clineu da Costa Moraes, no Jardim Leblon.

Na quarta-feira (15), outros quatro crimes em que os autores tinham as mesmas características foram registrados: em um mercado da Avenida dos Cafezais, uma lanchonete da Rua Joaquim Manoel de Souza, na Vila Olinda e duas farmácias, Rua Paraisópolis, Bairro Santo Eugênio e na rua Padre João Crippa, no Centro.

Os policiais iniciaram as buscas pela cidade e as investigações levaram a equipe até a Vila Nhanhá. Perceberam que na região havia vários motéis e pousada, por isso, começaram a fiscalizar os estabelecimentos. Em um dos motéis, descobriram com funcionários que o casal havia chegado há pouco em uma moto Titan 150.

As equipes foram ao quarto indicado e descobriram que a moto usada nos crimes também era roubada. Dentro do cômodo, renderam os dois assaltantes e apreenderam a arma escondida embaixo do colchão, arma que na verdade era de brinquedo. Presos em flagrante, os suspeitos confessaram os sete assaltos, mas a polícia não descarta a participação deles em outros crimes.

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