Capital

“Por causa de você que nego se f...”: cliente humilha motoentregador

Acusado de racismo, morador de condomínio foi filmado em discussão com trabalhador

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 30/10/2020 10:55
Cliente discute com entregador na calçada (Foto: Reprodução de vídeo)
Cliente discute com entregador na calçada (Foto: Reprodução de vídeo)

Vídeos que serão levados à polícia por Edimar Oliver Peres de Souza, de 29 anos, o motoentregador de aplicativo que denunciou cliente por racismo, mostram a discussão entre os dois.

Em um deles, gravado dentro de condomínio, fica evidente que o homem é agressivo com o trabalhador, mas o áudio é ruim e por isso, não fica claro o que o cliente fala. O profissional afirma que foi chamado de “preto” e “enrolado”, por causa de atraso na entrega do pedido. Assista:


Conforme boletim de ocorrência, registrado na tarde dessa quinta-feira (29), a situação aconteceu em condomínio na Rua 14 de Julho, no Centro de Campo Grande. 

No segundo vídeo, já na calçada em frente ao residencial, o morador continua humilhando o entregador. O chama de “merda” e “bosta”, além de afirmar que o trabalhador está se fazendo de vítima ao acusá-lo de racismo. 

“É por causa de você que nego se f...”, diz o cliente durante a briga. Veja:


"Sem chão" - O Campo Grande News conseguiu falar com o motoentregador. 

“Nunca tinha passado por esse tipo de situação. Fiquei sem reação, sem chão, não dá para descrever o que senti”, lamenta Edimar.

Ele explica o motivo do atraso: o pneu na moto de um colega, responsável pelo transporte do pedido, furou no meio do trajeto. “Eu fiz a minha rota e em seguida fui socorrer o meu colega. Como o pedido dele era o que mais estava atrasado, sai do local e fui direto para casa dele. Demorei uns 5 minutos até chegar lá”, lembra.

O entregador diz que assim que parou em frente ao bloco onde mora o cliente começou a ser ofendido. “Além de preto é enrolado”, teria dito o morador. “Na hora eu fiquei sem reação porque eu não esperava ser tratado daquele jeito. Eu fiquei quieto porque eu não podia perder a razão, mas ele continuou. Me chamou de corno, filho de uma mãe e muitas outras coisas bem pesadas”, comenta.

O profissional conta ainda que saiu do condomínio e chamou a polícia, mas os ataques continuaram. Por isso, decidiu ir à delegacia e fez o boletim de ocorrência.

Caso foi registrado como injúria, se consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro.

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