Capital

Pitbull morto por PM era dócil, criado como filho e nunca atacou ninguém

Renan Nucci | 15/12/2014 14:00
Pitbull chamado Russo foi morto com tiro na cabeça por policial militar. (Foto: Divulgação)
Pitbull chamado Russo foi morto com tiro na cabeça por policial militar. (Foto: Divulgação)

O pitbull morto com um tiro na cabeça por um policial militar após ataque a outro cão, na manhã de ontem (14), em Campo Grande, era um animal dócil e criado literalmente como filho pela babá Josiane Martins Ataide, 34 anos, moradora no Jardim Pênfigo. O fato aconteceu na Rua André Luiz Silva, mas nenhuma pessoa se feriu.

Bastante emocionada, Josiane estava com o cachorro, de nome Russo, há cerca de dois anos. “Meu marido ganhou o filhotinho de presente de um amigo lá de Ponta Porã”, disse. Ela conta que neste período, o animal conviveu pacificamente com todos da casa, incluindo uma cadela vira-lata com a qual teve sete filhotes.

“Eu sou babá e cuido de crianças na minha casa. Ele nunca ameaçou atacar ninguém. Tenho quatro filhos, de oito, nove, 11 e 13 anos, que brincavam o tempo todo com ele e jamais foram atacados”, disse a mulher, afirmando que o cão tinha um bom comportamento, porque era bem cuidado. “A gente dava carinho e atenção, como se fosse um filho”.

Inconformada, Josiane lembrou que Russo só havia escapado uma única vez e que, inclusive, tinha sido atacado por outro cachorro na ocasião. Ela considera uma fatalidade o que aconteceu, e afirma que não tem raiva do policial, mas acredita que desfecho poderia ser outro. “Eu entendo o que ele fez, mas acho que poderia ter esperado um pouco mais para pegar a arma e atirar. A gente ia conseguir levar o cachorro para dentro”, alegou.

O caso – Era por volta de 8h30 da manhã quando Russo escapou e atacou a cadela pinscher de uma vizinha, que estava na calçada ao lado. Desesperada e segurando o neto no colo, a mulher começou a pedir socorro. O policial ouviu os gritos. Ao perceber o que estava acontecendo, utilizou uma arma de fogo calibre 38 para efetuar um disparo fatal contra a cabeça do pitbull. Josiane confirmou que Russo estava nervoso e não parava os ataques nem mesmo quando era atingido por correntadas.

À polícia, o militar alegou que agiu preventivamente, pois existia a possibilidade de que crianças e outras pessoas que passavam pelo local fossem feridas. “Eu chorei e implorei para que ele não atirasse. Foi tudo rápido. A gente nem teve tempo suficiente de tentar separar os cachorros. Eu sei que se o policial esperasse um pouco mais, a gente ia conseguir e este sofrimento não seria preciso”, relatou Josiane. A arma usada na ação foi apreendida e encaminhada para averiguação.

Segundo a babá, o cão escapou no momento em que alguns familiares chegavam em sua casa. “Minha mãe não mora comigo, mas foi me visitar. Quando ela chegou, sai na varanda para recebê-la. No mesmo instante chegou meu irmão. Minhã mãe abriu o portão e deu um abraço nele, quando Russo se aproveitou para sair. Russo não ia machucar nenhuma pessoa, foi direto no cachorrinho”, explicou. “Todos me conhecem e sabem quem eu sou. Prometi ajudar e vou chamar um veterinário para cuidar do pinscher da vizinha”.

Nos siga no