Capital

PCC convoca “protesto” após morte em troca de tiros

Suposto membro da facção foi morto pelo Choque e tinha pequeno arsenal escondido debaixo da cama

Geisy Garnes | 10/12/2021 17:07
Mensagem divulgada pelo WhatsApp.
Mensagem divulgada pelo WhatsApp.

Após a morte de José Martins Macedo, de 19 anos, em uma troca de tiros com policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, as lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul usaram o WhatsApp para convocar uma manifestação em frente ao Fórum da Capital contra o que chamam de "opressão da polícia e do Governo do Estado". No anúncio, pedem apoio para o ato e ainda oferecem ônibus e alimentação para quem participar.

José foi ferido na madrugada do dia 9 de dezembro, chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu. Na casa em que ele estava, os policiais militares encontraram uma submetralhadora modelo ZK 383, calibre 9mm com um carregador, uma escopeta calibre 12 e duas pistolas 9mm, uma delas com carregador. 

Segundo a polícia, ele planejava atentados contra a vida de policiais. Cadernos com anotações e um aparelho celular também foram apreendidos no local e serão periciados.

A morte do rapaz, no entanto, teria causado revolta entre os integrantes da facção paulista. Para combater o que chamaram de "injustiça", as lideranças organizaram uma manifestação contra a polícia. Em imagens obtidas pela reportagem, é possível ver que um grupo de WhatsApp foi criado para “disseminar” a convocação.

O texto é assinado pelo “Geral do Estado de MS” e enviado por um número com prefixo de Mato Grosso do Sul. Na hierarquia da facção, a função é exercida por uma comissão de cinco ou mais pessoas, com um superior, para transmitir informações, normatizar, controlar e disciplinar os integrantes.

Na mensagem, a comissão pede para os responsáveis pelas “Regionais” convocarem “companheiros, cunhadas (responsáveis pelo apoio logístico a presos da facção), amigas e vizinhas” para uma manifestação contra as “máquinas opressoras dentro de todos os sistemas” e pela injustiça cometida por quem eles denominam de “vermes" e pelo Governo.

“Vinhemos pedir a todos que estão no grupo responsável pelas regionais estar interagindo nas quebradas, pedido apoio para companheiro, cunhada, amiga, visinha que possa ir nessa manifestação que fecha com nois nessa luta que enfrentamos diariamente” [sic].

A manifestação, afirma a mensagem, acontece no início do próximo ano, mas ainda não tem data definida. Para quem participar, ônibus para o transporte de ida e volta, alimentação e água, além de toda a assistência necessária, são oferecidos de graça pela organização. “Pedimos apoio de todos vcs condutores dentro da suas regional para estar trazendo o máximo que pessoas para nos apoiar nessa luta que é constante” [sic].

No grupo, vários integrantes da organização criminosa se manifestam em apoio ao ato.

Das quatro armas apreendidas, três estavam escondidas debaixo da cama, enroladas em lençol. (Foto: Divulgação)

A morte – Os policiais do Choque chegaram a José após denúncias do suposto ataque. Assim que chegaram ao endereço do rapaz, foram recebidos com resistência.

Além de negar atender os militares, o rapaz teria gritado: “polícia é o c******, se entrar vai tomar” e dado dois tiros dentro da residência. A equipe entrou e encontrou o morador na cozinha, com arma em punho e revidou os disparos.

Após ser atingido e desarmado, José foi socorrido para o Hospital Regional de Campo Grande, onde foi constatado que ele havia morrido.

Dentro da residência, três armas foram encontradas debaixo da cama: submetralhadora modelo ZK 383, calibre 9mm com um carregador; uma escopeta calibre 12 e uma pistola 9mm com carregador, além da arma que José usava no momento da abordagem, uma pistola calibre 9mm, com sete munições intactas.

Em cima do armário da cozinha, os policiais ainda encontraram cem munições calibre 9mm, divididas em duas caixas, e dez cartuchos de munição calibre 12 intactas.

Nos siga no