Capital

Para quem almoça na rua todo dia, servir o PF é vantagem para os 2 lados

Pesquisa internacional aponta que porções servidas por funcionários são mais calóricas que um fast food

Kerolyn Araújo e Danielle Valentim | 13/01/2019 13:28
Cliente do restaurante do Felipe há três anos, Vilson dos Santos, de 58 anos, não troca o lugar por nada. (Foto: Kísie Ainoã)
Cliente do restaurante do Felipe há três anos, Vilson dos Santos, de 58 anos, não troca o lugar por nada. (Foto: Kísie Ainoã)

Quem não gosta de comer bem, ficar satisfeito e pagar pouco por isso? Nas ruas de Campo Grande não é preciso andar muito para encontrar os famosos pratos feitos, que são ofertados a partir de R$ 5. É nessa hora que o uso do bom senso ajuda o bolso e a saúde de quem come fora todos os dias.

Pesquisa divulgada pela British Medical Journal e coordenada pela Tufts University com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), revela que porções exageradas servidas em restaurantes contribuem para a obesidade.

O estudo não mediu qualidade, mas a quantidade de calorias entre o bom e velho arroz com feijão e o fast food. De acordo com os levantamentos, o PF brasileiro, com arroz, feijão, frango, mandioca, salada e pão e pesando 841 gramas possuía 1.656 calorias. Já a média dos fast foods é de 809 calorias.

Ou seja, segundo a pesquisa, um prato feito do Brasil contém 33% a mais de calorias do que um lanche.

Neste sábado (12), as opções dos cardápios no Centro de Campo Grande iam da feijoada e churrasco ao strogonoff de carne. Em nenhum dos locais visitados a reportagem conversou com os nutricionistas responsáveis e, por isso, não foi possível definir a quantidade de calorias em cada prato.

O empresário Odair José Camargo, 44 anos, está à frente do Felipe Restaurante há 21 anos, mas há 18 mudou a maneira de servir o famoso prato feito vendido a R$ 5. “Antes nós montávamos o prato, mas tinha muito desperdício. Então mudamos e a pessoa serve seu prato só com o que quer”, explica.

Segundo o empresário, a alternativa tira o “peso” do cliente de ser obrigado a comer toda a quantidade servida no prato.

A reportagem também encontrou outros restaurantes que servem PFs nas Ruas Dom Aquino, Rui Barbosa e Barão do Rio Branco. No entanto, nestes locais, as porções são servidas pelos funcionários.

Cliente do restaurante do Felipe há três anos, Vilson dos Santos, de 58 anos, não troca o lugar por nada. Segundo ele, poucos locais deixam o cliente servir o próprio prato feito e por um preço que cabe no bolso. “Aqui eu sirvo o que eu gosto, na quantidade que eu quero e por um preço que cabe no bolso”, disse.

Rodrigues trabalha com manutenção predial e almoça no Centro há anos. (Foto: Kísie Ainoã)

O prestador de serviços Jeferson Rodrigues, de 39 anos, é totalmente contra a cobrança do desperdício. Para ele, a taxa motiva o cliente a comer além do necessário, principalmente as crianças.

Ele, que trabalha com manutenção predial e almoça no Centro há anos, afirma que, por experiência, montar o próprio prato é vantagem para o cliente e o restaurante.

“Quando o funcionário serve seu prato, realmente, pode ficar tão gorduroso quanto um lanche ou com alta quantidade de calorias. Você vai engordar com o passar dos dias. Mas quando nós mesmos servimos, nós sabemos o quanto comemos. Gera economia para o restaurante e evita que a gente pague taxa de desperdício”, disse.

Moradora de Anastácio, a aposentada Maria Doraci, de 70 anos, é do time dos defensores do arroz com feijão. (Foto: Kísie Ainoã)

Moradora de Anastácio, a aposentada Maria Doraci, de 70 anos, é do time dos defensores do arroz com feijão. Ela pontua que uma comidinha caseira em quantidade moderada sempre será saudável.

“Meus filhos moram aqui e sempre venho visitar aproveito para passear no Centro. Prefiro montar meu prato feito, a procurar um salgado. Tendo noção da quantidade no prato, você não come a mais e nem paga por sobra no prato”, disse.

No Restaurante do Felipe, consumidor serve o próprio prato por R$ 5. (Foto: Kísie Ainoã)
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