Capital

Para moradores, represa da JBS contribui para enchente na Popular

Reclamação dos moradores indica que barragens ficam fechadas e, quando chove, a água acumula e invade casas da região

Liniker Ribeiro | 13/02/2019 18:41
Equipamentos da tubulação em represa que moradores afirmam que sempre precisam abrir (Foto: Liniker Ribeiro)
Equipamentos da tubulação em represa que moradores afirmam que sempre precisam abrir (Foto: Liniker Ribeiro)

Moradores da Vila Popular, na saída para Terenos, em Campo Grande, ainda trabalham para recuperar o que sobrou do alagamento provocado pela chuva que caiu na madrugada desta quarta-feira (13), na Capital. Entre uma limpeza e outra, a indignação é forte por parte de quem perdeu praticamente tudo, de móveis a eletrodomésticos, além de alimentos. Para eles, o problema pode estar ligado à represa em uma área de tratamento de água da região, controlada pela empresa JBS.

Ao Campo Grande News, um morador da Rua José Barbosa Rodrigues - que prefere não se identificar – relatou ter sido ele quem foi até a represa, na madrugada, abrir as “comportas” da represa. “É normal estar fechado, sempre vamos lá abrir”, revela ele, afirmando ainda que só nos últimos dias foram cinco vezes até o local. “Toda vez que o tempo começa a ficar feio corremos lá, mas dessa vez fomos pegos de surpresa”, complementa.

Dona Lúcia Miranda Fortes, de 54 anos, mora na região há pelo 24 anos. Segundo ela, o local já inundou várias vezes, tendo a água invadido sua casa e deixado quase tudo coberto. Segundo ela, as comportas foram abertas ontem, mas estavam fechadas novamente na madrugada. “Eu fui lá ontem à tarde e abri”, garante.

Dona Lúcia Miranda Fortes mostra fotografias de alagamentos em anos anteriores (Foto: Liniker Ribeiro)
Homem segurando barra da ferro que já foi usada para abrir as comportas da represa (Foto: Liniker Ribeiro)

Fotos guardadas pela moradora comprovam que o problema com alagamentos é antigo. “Lembro que em 2005 chegaram a andar de barco aqui pela rua”, revela. Entre as perdas, até mesmo o aparelho celular da dona de casa molhou na madrugada.

Morando na região há apenas 4 meses, a manicure Jokmara Alves, de 40 anos, também perdeu quase todos os móveis. “No desespero conseguimos carregar as coisas da sala para o fundo de casa, onde é mais alto. Mas tudo dos quartos ficou debaixo d’água”, conta.

Esta é a primeira experiência da moradora com alagamentos na região. Segundo ela, a água chegou a uma altura próxima de 1 metro e 50 centímetros, na madrugada. “Ontem choveu muito, de madrugada também e os vizinhos falam que toda vez que isso acontece é porque lá está fechado. Se for isso, é um descaso”, acredita.

Alternativas – Ainda conforme o morador que preferiu não se identificar, os moradores já buscaram alternativas, como a construção de desvios, para tentar impedir que a água acumulasse na região, porém tudo foi desfeito. “Já chegamos a abrir uma nova passagem para a água escoar, mas jogaram pedras lá e agora a água vai tudo para o mesmo local”, afirma.

Respostas – A reportagem entrou em contato com a empresa JBS, por meio da assessoria de imprensa, porém nenhuma resposta foi enviada até a publicação da matéria. Também entramos em contato com a prefeitura para saber se a previsão de obras para a região para melhorar o escoamento da água, mas também não fomos respondidos.

Na manhã de hoje, equipes da Sisep (Secretaria de Infraestrutura Serviços Públicos) estiveram no bairro para vistoriar a região. Até mesmo o local onde funciona a represa controlada pela JBS recebeu a visita dos representantes e, segundo o titular da pasta, Rudi Fioresi, a barragem estava aberta e, pelo menos nesse caso, o local não foi determinante para o alagamento. Apesar disso, foi solicitado a empresa, por meio da Semadur (Secretaria de Meio Ambiente e Gestão Urbana), para que seja feito uma limpeza no local, onde foram encontradas sujeiras.

Ainda conforme o secretário, uma limpeza também será realizada na região alagada, principalmente para retirada de galhos que foram levados pela chuva e atrapalham o escoamento da água.

Duas quedas de água em represa controlada pela empresa JBS (Foto: Liniker Ribeiro)
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