Capital

Para evitar júri, defesa de PRF tenta levar processo à Justiça Federal

Advogado Renê Siufi alega que Coreia é servidor federal e agiu no exercício da função e que por isso, juízo local não tem competência para julgá-lo

Anahi Zurutuza | 12/05/2017 19:53
No dia 11 de abril, o PRF (de boné verde) acompanhou depoimentos de testemunhas e deixou Fórum escoltado; Renê Siufi é o último a deixar a sala (Foto: Alcides Neto)
No dia 11 de abril, o PRF (de boné verde) acompanhou depoimentos de testemunhas e deixou Fórum escoltado; Renê Siufi é o último a deixar a sala (Foto: Alcides Neto)

Para evitar que o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, acusado de matar o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, durante uma briga de trânsito, a defesa de “Coreia” que levar o julgamento para a Justiça Federal. O caso está sob análise do juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.

Nesta sexta-feira (12), o advogado Renê Siufi entrou com pedido de “exceção de suspeição”, termo jurídico para este tipo de recurso que argumenta que o juízo local não tem competência para julgar o caso, porque o crime teria sido praticado por um PRF no exercício de sua função.

O defensor alega que Coreia estava a caminho do trabalho, quando se deparou com um flagrante. Como ele é um servidor federal, somente a Justiça Federal pode julgá-lo.

Siufi argumenta ainda que mesmo que o PRF não estivesse no trajeto para o trabalho, é dever constitucional do policial a abordagem de pessoas e veículos em atitude suspeita.

O advogado completa da Moon, “vislumbrou que Adriano Correia do Nascimento estava visivelmente embriagado”, cometendo crime de trânsito portanto, e por isso, o PRF fez a abordagem que resultou na morte do empresário.

O recurso foi apresentado um dia depois do MPE (Ministério Público Estadual) apresentar as alegações finais pedido que Moon vá a júri popular para ser julgado por homicídio, crime considerado hediondo, e duas tentativas de assassinato, contra os passageiros da caminhonete de Adriano, Agnaldo Epinosa da Silva e um adolescente, de 17 anos.

Cena do crime: depois de levar tiros, Adriano, que conduzia uma Hilux, bateu em um poste na avenida Ernesto Geisel (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)

‘Coquetel mortífero’ – Renê Siufi lembra que a vítima além de álcool, tinha feito uso de drogas – ectasy e medicamentos para ansiedade – antes de fechar “Coreia” na avenida Ernesto Geisel e depois, segundo a versão da defesa, tentar atropelar o policial. “Este coquetel mortífero é que conduziu aos fatos”, argumenta.

O defensor fez questão de lembrar que durante a abordagem, Coreia pediu reforço policial, ligando para a PM (Polícia Militar).

Sigilo telefônico – Nesta semana, também foram anexados ao processo os dados da quebra de sigilo telefônico de Moon. Na lista de ligações feitas por ele no dia 31 de dezembro, constam quatro chamadas para os números 190 (PM) e 191 (emergência da PRF) entre às 5h45 e 6h07 da manhã, mais ou menos o horário que Adriano foi morto.

Coreia fez ligações de 18 segundos (PRF), 14 minutos (PM), 8 minutos (PRF) e 38 minutos (PRF), respectivamente.

Os registros indicam, porém, que o aparelho foi utilizado até às 12h18, o que significa que o servidor não foi preso logo após atirar e matar o empresário.

O caso – Adriano Correia do Nascimento, que era dono de restaurantes de comida japonesa na Capital, conduzia uma Toyota Hilux quando foi morto na madrugada de 31 de dezembro do ano passado, um sábado, na avenida Ernesto Geisel.

Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e ele fez a abordagem após ter sido fechado.

Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como PRF e disse que avistou um objeto escuro no veículo do comerciante. Já testemunha confirmaram que não perceberam que o homem armado na Ernesto Geisel era um policial.

Ricardo Moon, de [47 anos, foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete.

A denúncia do MPE (Ministério Público do Estado) chegou dia 23 de janeiro à 1ª Vara do Tribunal do Júri .

O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro.

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