Capital

Palco de assalto, praça em área nobre vira reduto violento de drogados

Na Praça das Águas, vizinhança é que tenta melhorar condição de espaço público onde a violência tem assustado

Adriano Fernandes | 06/09/2016 17:15
Local onde jovem foi esfaqueado serve como atalho entre a Praça da Águas e o shopping. (Foto: Fernando Antunes)
Local onde jovem foi esfaqueado serve como atalho entre a Praça da Águas e o shopping. (Foto: Fernando Antunes)

O caso de um jovem esfaqueado na manhã de segunda-feira (5), durante um assalto ocorrido enquanto a vítima cortava caminho pelo parque na Avenida Afonso Pena, proximidades do Shopping Campo Grande, reflete violência que, segundo vizinhos do local, se tornou frequente. 

O local onde o jovem de 21 anos foi esfaqueado – ele terá a identidade preservada – serve como uma espécie de atalho entre a Praça da Águas e o shopping, que fica do outro lado da principal avenida da Capital.

O rapaz foi atingido no lado esquerdo do tórax e teve um ferimento na cabeça. Segue internado em observação na Santa Casa de Campo Grande. 

Ligia foi uma das idealizadoras do movimento de manutenção da praça. (Foto: Fernando Antunes)

Na praça, ponto de venda e de encontro para usuários de droga, são os próprios comerciantes que tentam desenvolver iniciativas para ocupar o espaço na tentativa de torná-lo menos marginalizado.

“Pelo menos uma vez por semana ligamos para a polícia e denunciamos algum tipo de movimentação suspeita aqui”, conta a atriz Ligia Prieto, diretora do Grupo Casa, com sede em frente à praça. “Já vimos garotos correndo com pedaços de pau pela praça. Houve uma vez em que um aluno nosso teve o celular roubado depois de sair de uma aula”, completa.

Ligia conta que, por iniciativa dos próprios moradores, há alguns anos foi criada a Associação da Boa Praça. Uma forma de tentar ocupar o espaço com atividades culturais e também de mantê-la limpa.

De projetos pensados pelo grupo, ouve a ideia de um campeonato de grafite e até de criar um coreto para atrações artísticas. “Não podemos tocar adiante por falta de tempo, mas principalmente de um apoio público. Acreditamos que se o espaço for mais bem ocupado, não só pelos próprios moradores, mas também por meio dessas atividades a criminalidade possa diminuir”, diz.

Alysson, preparador físico, diz que levar atividades físicas à praça é forma de tentar ocupar melhor o espaço. (Foto: Fernando Antunes)

O preparador físico Alysson Antunes, de 20 anos, conta que a movimentação de usuários de droga pelo local é diária. “Aos fins de tarde é maior o número de usuários. Entre 15 a até 20 pessoas e não são só usuários. Já me ofereçam maconha só por eu estar passando perto da praça”, comenta.

Na academia de crossfit próximo ao local, a ideia dos preparadores é de levar as atividades físicas para dentro da praça. “É uma das ideias de ocupação do local para torná-lo menos maginalizado”, completa o colega David Lucas, de 21 anos.

A reportagem esteve na praça por volta das 14h de hoje. Vazio e com lixo espalhado por todo o espaço o único depoimento no local onde o jovem foi esfaqueado nesta segunda-feira (5), foi do usuário que evitou comentar sobre o assunto. “Achei que tinham vindo para fumar um 'beck'”, disse, rindo.

A assessoria de imprensa do município informou que guardas municipais fazem rondas diárias pelo local, mas a segurança será reforçada. Quanto a limpeza da praça, o município informou que ela é feita frequentemente por equipes da Solurb.

Lixeiras colocadas por vizinhos; tentativa de diminuir o acúmulo de lixo no local. (Foto: Fernando Antunes)
Sinais de que local serve como ponto de encontro para usuários de droga. (Foto: Fernando Antunes)
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