Capital

Bebê fica um mês com caco de vidro na mão sem diagnóstico, denuncia família

Família peregrinou por várias unidades de saúde, mas ninguém percebeu o problema na mão da criança

Mirian Machado e Bruna Marques | 09/08/2022 15:50
Benjamin com a mãozinha enfaixada após se machucar com copo de vidro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Benjamin com a mãozinha enfaixada após se machucar com copo de vidro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Os pais de bebê de 1 ano e 11 meses registraram boletim de ocorrência no fim da manhã de hoje (9) alegando descaso das unidades de saúde durante o atendimento à criança em Campo Grande. Benjamin ficou mais de um mês com um caco de vidro dentro da mãozinha, depois de se machucar com um copo em casa. Nesse tempo, a família peregrinou por várias unidades de saúde, porém em nenhuma delas conseguiu resolver a situação.

A mãe, Vitória Lima, de 20 anos, contou ao Campo Grande News, que no dia 12 de junho o bebê estava andando na cozinha quando em um momento de distração dela, pegou um copo de vidro e caiu com o objeto, que quebrou e acabou cortando a mãe direita dele.

“Saiu bastante sangue. Meu vizinho levou a gente às pressas. Quando estava chegando no posto ele queria desmaiar, estava perdendo muito sangue”, detalhou.

A família levou a criança ao posto do Bairro Coophavilla II. Lá, os profissionais teriam apenas limpado o ferimento, deram ponto e enfaixaram, afirmaram para tirar os pontos em 7 dias. “A gente via o caco, mas não tiraram no posto”, reclamou.

Caco de vidro ficou mais um mês dentro da mão do bebê. (Foto: Henrique Kawaminami)

A criança tomou remédio, porém o ferimento não sarava. Depois de uma semana, o bebê foi novamente levado ao posto para retirada dos pontos. “Três dias depois percebemos que ele não tinha mais o movimento da mão e não conseguia pegar nada. Levamos ele na UPA Universitário. Ele passou pela pediatra e ela disse que tinha afetado o nervo dele e que ela não podia fazer nada. Não passou exame nenhum”, disse.

Diante da resposta, a família retornou para casa para aguardar uma melhora, mas o ferimento não curava. Os pais então o levaram até o posto do Bairro Tarumã. O médico da unidade informou que a criança não mexia a mão porque estava com medo e dor. Por isso, receitou Ibuprofeno por mais sete dias.

Ainda sem melhora, quando notaram que o corte estava muito inflamado e com pus, os pais voltaram á ultima unidade de saúde e uma médica solicitou exame de ultrassom da mão. O exame foi feito no CEM (Centro de Especialidades Médicas) e apontou “processo inflamatório na face palmar”.

Com laudo em mãos, pai e mãe levaram Benjamin para uma consulta com pediatra no Bairro Leblon. “Ela disse que não tinha nada na mão dele e que era processo de cicatrização. Ela nem pegou na mão dele. Falou que podia ir embora”, disse o pai, o barbeiro Rafael Marques, de 23 anos.

Os pais só descobriram que o caco de vidro ainda estava no corpo do bebê no último sábado (6). “Quando foi a noite de sábado minha esposa mandou foto pra mim do caco saindo sozinho. Aí fomos pra unidade do Coophavilla. Passamos pela médica e como eles viram que a gente já tinha ido lá nem ficamos na fila. Resolveram na hora. Tiveram que abrir mais o corte da mão dele porque o caco estava bem fundo. Ele passou a dor duas vezes” lamenta o pai.

“Um descaso porque como vamos em um especialista que estudou pra ser médico e chega lá e somos tratados como animal. Só passa ibuprofeno. Mais de um mês com o caco e a gente via algo errado, não mexia a mão, chorava reclamava muito. Isso aí foi um descuido. Ele é criança. Deu ponto com caco lá dentro. Nesse tempo ele caiu, mexeu nas coisas meu medo é esse o caco entrando mais”, exclamou Rafael.

Os pais compareceram à 6ª Delegacia de Polícia Civil para registrar a ocorrência. O caso está sendo investigado como perigo para a vida ou saúde de outrem.

Benjamin ainda deve passar por mais um exame para ver a necessidade de fazer fisioterapia.

A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) que informou que vai abrir um processo de sindicância para apurar as circunstâncias que se deram o atendimento da criança e está à disposição da família e das autoridades para eventuais esclarecimentos.

Laudo do exame de ultrassom consta apenas inflamação. (Foto: Henrique Kawaminami)
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