Capital

Pai de vítima, ex-PM diz sentir "alegria e tristeza" por morte de pistoleiro

José Moreira Freires, o "Zezinho" suspeito de pelo menos 4 assassinatos, foi morto em confronto nesta segunda-feira

Marta Ferreira | 15/12/2020 09:33
Paulo Roberto Teixeira Xavier, pai de jovem executado por quadrilha da qual pistoleiro morto no RN fazia parte. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Paulo Roberto Teixeira Xavier, pai de jovem executado por quadrilha da qual pistoleiro morto no RN fazia parte. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Sentimentos antagônicos. É o que afirma estar vivenciando o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier com a morte de José Moreira Freires, o “Zezinho”, durante confronto com policiais do Rio Grande do Norte, ocorrida na zona rural de Lagoa da Pedra, nesta segunda-feira (14). 

“Zezinho” é réu por ser um dos executores do filho de Paulo Xavier,  em crime cujo alvo era ele. Para a investigação, tratava-se de vingança contra "PX", como é conhecido o ex-capitão da PM, ex-funcionário tido como desafeto do empresário Jamil Name, que está preso desde setembro de 2019 pela Operação Omertá, contra milícia armada à qual o assassino de aluguel morto no RN prestava serviços.  

É uma mistura muito intensa de sentimentos: alegria por ele estar morto e por não mais causar a tristeza nas famílias de suas futuras vitimas; tristeza por não tê-lo encontrado vivo e colocá-lo na cadeia, para apodrecer lá”, afirmou ao Campo Grande News.

"PX", desde que a morte do filho ocorreu, acompanha de perto os passos das investigações. Diz que já tinha informações de bastidores de que “Zezinho” pudesse estar no Rio Grande do Norte.

Responsável pela ação policial, a Deicor (Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado) da Polícia do Rio Grande do Norte informou que o pistoleiro estava com arma roubada da polícia potiguar e estava atuando no tráfico de drogas.  Segundo divulgado, havia montado um laboratório para fabricação de crack.

Agradecimento – Xavier não poupou palavras de elogio às forças policiais envolvidas na situação. “Com a graça de Deus, a polícia daqui, em contato com o pessoal da Deicor, localizou ele”, diz.

O outro pistoleiro envolvido na morte de Matheus, Juanil Miranda Lima, continua foragido. Os passos da dupla refeitos indicam que um atirou enquanto o outro dava cobertura. Os papéis na hora do assassinato, quem atirou por exemplo, não foram precisados.

Na Justiça – A morte de Matheus têm dois processos em andamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Um tem Juanil e Zezinho como réus e foi desmembrado da ação original por causa da fuga dos pistoleiros. 

A outra ação tem como réus os empresários Jamil Name, Jamil Name Filho, o policial Vladenilson Olmedo, o “Vlad”, o ex-guarda civil  de Campo Grande Marcelo Rios e o técnico em informática Eurico dos Santos Mota, apontado como hacker ao qual coube a tarefa de monitorar os passos de Paulo Xavier na época da execução que acabou atingindo o filho do ex-capitão da Polícia Militar.

Esse processo já está em fase adiantada. Dos cinco acusados, quatro foram mandados a júri popular. Um deles, Eurico, foi inocentado. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) recorreu, assim como a defesa dos acusados. 

Veículo em que estava o delegado Paulo Magalhães quando foi executado, com a participação de José Moreira Freires. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Não cumpriu pena – A morte de "Zezinho" também tem repercussão para outras famílias de vítimas. A do delegado Paulo Magalhães, assassinado em 2013, por exemplo, não verá o condenado pela execução cumprir pena.

Magalhães, aos 57 anos, foi morto quando buscava a filha na escola. A menina, na época tinha 7 anos. Hoje é uma adolescente de 14 anos.  

“Zezinho” pegou pena de 18 anos pelo crime, em 2018, mas conseguiu autorização judicial para responder em liberdade, em pedido feito à Justiça pelo advogado Renê Siufi, que o defendeu na ação criminal.

Em 9 de abril de 2019, usando tornozeleira eletrônica, driblou o sistema para cumprir a encomenda de matar Paulo Roberto Teixeira Xavier. Junto com o comparsa, acabou errando o alvo e depois disso nunca mais foi visto.

Ele também é suspeito de participar de pelo menos mais três assassinatos à mando da organização criminosa chefiada pela família Name, cujas vítimas foram o chefe de segurança da Assembleia Legislativa, o sargento Ilson Martins Figueiredo, e ainda a morte de Orlando da Silva Fernandes, o “Bomba”, ex-chefe de segurança do traficante Jorge Rafaat, executado com tiros de arma de guerra, em junho de 2016.

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