Capital

Padre "exorcista" reúne centenas em busca de cura, emprego e libertação

Paula Maciulevicius | 07/06/2011 17:43

Ex-dependente químico, sacerdote cura e liberta fieis pela fé, multidão se reúne para assistir às celebrações

Mais de mil devotos lotaram a Paróquia Santo Antônio para a missa de Cura e Libertação, que mostra a “sede” das pessoas de experiência religiosa. (Fotos: Paula Maciulevicius)
Mais de mil devotos lotaram a Paróquia Santo Antônio para a missa de Cura e Libertação, que mostra a “sede” das pessoas de experiência religiosa. (Fotos: Paula Maciulevicius)

A busca pela cura e libertação tem levado milhares de fiéis a seguirem a missa do padre carismático, Benedito Francisco de Oliveira, 38 anos. Cedido pela diocese Santo Amaro em São Paulo, para evangelizar por dois anos, no município de Dois Irmãos do Buriti, o sacerdote realiza a cada 15 dias, a missa de Cura e Libertação, que pela fé levou mais de mil pessoas à Catedral de Santo Antônio, em Campo Grande.

O padre é da renovação carismática, ex-dependente químico e exorcista, "apesar de não praticar fora da diocese de Santo Amaro", explica. O ato de exorcizar é reservado ao sacerdote apenas da diocese, a não ser que apareça um caso de possessão e o bispo autorize, diz o padre.

Seguido por milhares de devotos pelas missas que realiza nos municípios do Estado, Benedito é visto como iluminado. Com a força das palavras e o incentivo ao público, o sacerdote arranca demonstrações de crença das pessoas. “Apenas rezo e provoco as pessoas na fé. É por ela que eles recebem a cura”, explica.

Durante a missa, padre Benedito pede para que os fiéis digam uns aos outros que a sua oração tem poder e que podem realizar milagres. O fervor da igreja é visto no rosto de cada um, as pessoas rezam de braços erguidos, sedentos de respostas.

“Está todo mundo sedento de Deus, as pessoas tem perturbação emocional, espiritual e estão querendo uma experiência forte, sentir o amor de Deus”, completa.

Fiel recebe benção e oração no momento de maior comoção da missa, em que o Santíssimo passa pelos devotos.

O momento de maior comoção é quase ao final da missa, quando o padre usando o dom de línguas, anda entre os fiéis com o Santíssimo Sacramento em mãos. Os devotos ao encostarem a mão no objeto sagrado, se sentem abençoados. O padre reza por cada um deles, que em algumas ocasiões, chegam a cair no chão, quando segundo o sacerdote, descansam no Espírito Santo.

Padre Benedito explica que usa os dons da cura e de línguas. “São dons que Jesus deu aos que crêem. O dom de línguas é você orar em som alto ininteligível, para edificar espiritualmente a pessoa. É pela própria pessoa e por aqueles que você reza”, resume.

Diferente das outras celebrações, a missa carismática é mais envolvente, alegre, caracterizada por louvores e orações, onde os fieis mostram a fragilidade em que se encontram e o quanto necessitam de cura espiritual.

O segmento carismático tem chamado atenção dos fieis até mesmo pela divulgação através da mídia. Igrejas e padres de braços abertos para mostrar a religião e chamar a sociedade.

A fé é demonstrada em louvor e adoração, de braços erguidos, devotos pedem bençãos.

Na missa, o padre pede intercessão pelos dependentes químicos, doentes com câncer, pessoas que estejam com problemas financeiros, o que faz com que os participantes levem fotos de familiares e carteira de trabalho para serem abençoados.

A dona-de-casa Amélia Marques, 59 anos, é uma das devotas e freqüentadoras da missa do padre Benedito. Nas mãos, uma foto do filho com a neta, no aniversário de 2 anos. Com muita fé, ela conta que acredita que o filho dependente químico há 10 anos pode ser curado.

“Deus pode salvar meu filho. Eu levo essa foto na mão e no coração. Pelo testemunho do padre, que já foi dependente, eu vou onde ele está. Hoje eu estou aqui pela missa de Cura e impressionada com as palavras do padre. Eu ainda não consigo trazer meu filho, mas ele ainda vai dar testemunho comigo”, diz a mãe que passou toda a celebração com a foto em mãos.

Garrafas de água e fotos de familiares são alguns materiais levados pelos fiéis para serem abençoados.

A jovem Kamila da Silva de Souza, 21 anos, é o exemplo da juventude que tem laços com a religião. A estudante, criada na igreja Católica, conta que se converteu há um ano. “Eu sinto como se fosse chamada por Ele, muitos também atenderam à esse chamado. Aí eu senti a presença de Deus na minha vida, com aquela força”, relata.

Força essa que Kamila e os participantes da missa conseguem demonstrar, uma fé capaz de mudar pessoas. “Acho que todo mundo precisa, sem Deus ninguém consegue ser feliz”, finaliza.

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