Capital

Obra da Euler de Azevedo vai ficar ainda mais cara, admite secretaria

Até agora, há previsão de que R$ 16,6 milhões terão de ser retirados dos cofres do Estado, quase R$ 2 milhões a mais que o orçado

Anahi Zurutuza | 03/05/2017 15:45
Operários trabalhando na construção de galeria para coleta de água da chuva (Foto: Seinfra/Divulgação)
Operários trabalhando na construção de galeria para coleta de água da chuva (Foto: Seinfra/Divulgação)

Além do acréscimo de R$ 1,6 milhão no orçamento da duplicação da Avenida Euler de Azevedo, em Campo Grande, a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), ligada à Secretaria de Estado de Infraestrutura, admite que terá de reajustar valor pago a uma empreiteira antes que a obra seja concluída.

Em março, R$ 1.389.914,94 foram acrescentados ao contrato inicial com outra empresa porque em 2015, a secretaria optou pelo projeto mais barato. Esta foi a maior “retirada extra” dos cofres estaduais para a obra até agora.

O aditivo no contrato com a Construtora Industrial São Luiz, responsável por parte da obra, foi assinado por Marcelo Miglioli, secretário de Estado de Infraestrutura, no dia 3 de março deste ano, conforme publicado no Diário Oficial do Estado do dia 7 de março. Miglioli também era o diretor-presidente da Agesul em 2015, quando o projeto foi elaborado.

Além deste montante, também em março, o diretor-presidente da agência, Emerson Antonio Marques, autorizou pagamento de mais R$ 276.534,92 à empreiteira. Conforme a assessoria de imprensa da Agesul, o valor refere-se ao reajuste previsto em contrato.

Tanto a São Luiz – que trabalha na execução 2 km dos 4,5 km de duplicação da via – quando a Anfer Construções e Comércio Ltda. – responsável pelo restante da obra – foram contratada no dia 11 de fevereiro do ano passado. As duas começaram a trabalhar na avenida em julho de 2016.

Mais dinheiro – Por isso, de acordo com a Agesul, a Anfer também tem direito a aditivo. “O projeto executado pela Anfer até o momento não precisou ser mudado, mas o reajuste deverá ser feito em pouco tempo”, informou a agência, sem dar valores, por meio da assessoria de imprensa.

Os aumentos levam em conta o acréscimo nos preços – de insumos e mão de obra, por exemplo – calculados com base na inflação dos últimos 12 meses e índices fornecidos pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

“É importante entender também que é válido para efeito de reajuste o tempo a partir do momento da elaboração do orçamento realizado pela Agesul, e não do resultado da licitação ou mesmo da entrega da proposta pela empresa”, completou a nota.

Gasto total – Se levado em conta ainda o valor pago em 2015 para a Schettini Engenharia Ltda., que projetou a drenagem, recapeamento e duplicação da Euler de Azevedo, o custo total da obra já soma R$ 16.666.449,86, R$ 1,9 milhão a mais que os R$ 14.716.910,41 orçados de início, acréscimo de 13,2%.

A empresa que assinou pelo projeto recebeu R$ 138.378,46 para elaborá-lo, conforme extrato do contrato publicado no Diário Oficial do Estado do dia 19 de maio de 2015.

Secretário Marcelo Miglioli (de boné, à direita) durante visita à obra de drenagem (Foto: Seinfra/Divulgação)

Barato saiu caro – A Agesul já havia explicado ao Campo Grande News, em março deste ano, que acréscimo precisou ser feito porque o projeto de drenagem teve de ser modificado.
Inicialmente, o escoamento das águas pluviais aconteceria em propriedades rurais da região. Entretanto, “a situação poderia implicar em possíveis ações judiciais dos donos dos locais contra o Estado”, informou a agência.

Ocorre que, em 2015, a Agesul teve duas opções, segundo Ricardo Schettini, engenheiro e sócio-proprietário da Schettini Engenharia Ltda.

A primeira, mais barata, seria fazer o deságue da água da chuva em enormes buracos que ficam às margens da via por conta da retirada de terra para o nivelamento de pistas.

Schettini explica que para a construção de trecho do macroanel viário foi necessário fazer a retirada de terra ali na região. “Na época nós consultamos a Agesul e demos as duas alternativas.

Poderíamos jogar a água dentro destas caixas, o que sairia bem mais barato do que levar até lá embaixo, ou a segunda opção. Na oportunidade, achou-se que era melhor conciliar as duas coisas, extrair a terra e criar bacia de detenção”, explicou.

O entrave ocorreu, ainda conforme a empresa autora do projeto inicial, quando a Agesul precisou de autorização de um dos proprietários rurais da região, uma vez que o escoamento atingiria a propriedade dele. “Ele só permitiria com a desapropriação. E como um processo deste é longo e demorado, o Estado fez as avaliações em termos de gestão e achou melhor fazer o aditivo, que não traria nenhuma paralisação”, completou Schettini.

O engenheiro afirma que a empresa foi convocada para fazer a mudança no projeto inicial.

Avenida em obras; nova pista está sendo construída à direita (Foto: Marcos Ermínio)

Nesta quarta-feira (3), a Agesul apenas acrescentou que a São Luiz receberá R$ 1,3 milhão a mais por conta da mudança do local de lançamento das águas das chuvas, que serão sendo capitadas na área do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) e no seu entorno.

“O que estava previsto era atravessar a pista e serem lançadas logo após a entrada do local. Mas, por ser uma área com previsão de loteamento, o proprietário não aceitou e a única opção foi levar a água pela margem esquerda da via até o ponto mais baixo, aumentando a extensão da drenagem”, completou a nota, que confirma o que foi apurado pela reportagem.

A obra de duplicação da Euler de Azevedo começa no cruzamento da avenida com a Presidente Vargas e vai até o macroanel.

Nos siga no