Capital

Nova associação de Anhanduí tenta há sete meses tomar posse

Presidente que estava no poder há 17 anos se nega a entregar chaves

Helton Verão | 20/01/2013 09:31
Elisabeth apresenta documento da Seintrha e boletins de ocorrências, tudo para conseguir a sua posse (Foto: João Garrigó)
Elisabeth apresenta documento da Seintrha e boletins de ocorrências, tudo para conseguir a sua posse (Foto: João Garrigó)
O terreno (a esquerda) e o salão comunitário fechado a população (Foto: João Garrigó)

O distrito de Anhanduí vive um imbróglio de quase sete meses sobre o resultado da eleição para presidência da Associação de Moradores. A votação que aconteceu em junho do ano passado, registrou a vitória da chapa 2, liderada por Elisabeth Pannebecker, mas o presidente, Nailo Resende Barbosa, de 66 anos, que esteve no poder por 17 anos, se nega a entregar as chaves da associação, alegando que a eleição não foi oficial.

A presidente eleita já registrou dois boletins de ocorrência na Polícia Também notificou na Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) sobre o caso, mas segundo ela, não houve sucesso nas solicitações de entrega das chaves e documentos.

“Ele está no poder há 17 anos, nunca fez nada por Anhanduí, a chapa dele topou a eleição achando que ganharia fácil, acabaram derrotados, agora não quer de jeito algum entregar as chaves da associação”, reclama a nova presidente.

Segundo Elisabeth, além de não entregar as chaves do salão comunitário do distrito, Nailo estaria isolando algumas partes do terreno para uso pessoal e chegou a dizer que só entregaria se fosse com a condição que o terreno ficasse com ele.

“A princípio ele na anunciou na rádio da cidade que entregaria as chaves, depois voltou atrás, sempre respondendo que a parte do distrito está lá (salão), querendo uma espécie de algo em troca, que seria esta parte do terreno”, conta Elisabeth.

Outras acusações são feitas pela chapa vencedora e também os moradores, como a utilização do salão comunitário para uso pessoal, como estoque de aparelhos e móveis, além de já ter alugado o mesmo para firmas e empresas e todo o embolso também teria ficado com Nailo.

“Não temos ideia qual é a função da Associação de Moradores aqui, pois não acontece nada aqui em Anhanduí. Se aquele salão era para uso comunitário, faz muito tempo que não vejo ele aberto”, comenta o comerciante Mario de Oliveira, de 53 anos.

 

Salão segue trancado sem qualquer utilização pública nos últimos anos (Foto: João Garrigó)

O repositor de estoque Givaldo Alves, de 35 anos, também afirmou que o salão não tem sido utilizado há muito tempo. “A última vez que vi ele aberto foi durante a reforma, mas na verdade acho que faltou dinheiro por que ela não foi concluída”, lamenta.

A reportagem do Campo Grande News conversou com Nailo Resende, que afirmou não entregar as chaves e documentação da associação por a eleição que foi realizada, segundo ele não ter sido legítima.

“A eleição não foi oficial, não posso entregar a chave para qualquer para algo que não foi verdadeira”, afirma Resende. Sobre o salão, ele confirma ter materiais e móveis pessoais estocados no espaço comunitário, mas diz que na primeira oportunidade o desocuparia, para a nova gestão.

Segundo Nailo, ele não teve qualquer tipo de ligação com a chapa derrotada na eleição. E que o terreno cercado ao lado do galpão comunitário não tem nenhum tipo de registro, possibilitando assim a legalização em seu nome.

A eleição da Associação de Moradores de Anhanduí foi convocada pela UMAM (União Municipal das Associações de Moradores), e protocolada em cartório.

A prefeitura municipal de Campo Grande, que tem a responsabilidade pelo distrito, se pronunciou através da sua assessoria de comunicação, e diz não poder interferir nas decisões de associações como a de Anhanduí. Sobre a questão do terreno, se considerado de posse do município, será exigida a desapropriação assim que for necessária a utilização da mesma.

A presidente eleita, dona Elisabeth Pannebecker, diz estar planejando iniciar os cursos para a população da região e reuniões para a gestão da Associação dos Moradores em sua própria residência, inclusive a “cerimônia” de posse.

Entre a população, o desejo pela emancipação do distrito é quase unânime, todos os entrevistados pela reportagem expressaram o desejo por um governante local e independente.

Até o momento, não existe nenhum compromisso agendado pelo prefeito Alcides Bernal para Anhanduí.

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