Capital

Na porta do presídio, são elas que entregam o presente no Dia das Mães

Viviane Oliveira | 10/05/2015 10:45
Elizabeth se emociona ao dizer que viajou quase 2 mil quilômetros para o Dia das Mães com o filho. (Foto: Marcos Hermínio)
Elizabeth se emociona ao dizer que viajou quase 2 mil quilômetros para o Dia das Mães com o filho. (Foto: Marcos Hermínio)

Depois de viajar quase 2 mil quilômetros, a cozinheira Elizabeth Canholato, 56 anos, acordou 3h30 de hoje (10) para preparar o almoço especial do Dia das Mães. Ela é uma das centenas de mulheres que entraram na fila do Instituto Penal de Campo Grande para pegar uma senha e passar o domingo especial com os filhos que estão detidos. Além dos produtos de higiene, material escolar e até bolo confeitado, as mães levam na bagagem a esperança de ver os filhos reconstruindo a vida.

Elizabeth mora na cidade de Guarapari, no Espirito Santo. Ela chegou de viagem ontem (9) e hoje acordou cedo para preparar a comida do filho adotivo, Felipe de 31 anos, que não via desde de dezembro do ano passado. O rapaz está preso há quase um ano por tráfico de drogas. Ele foi flagrado transportando 300 quilos de maconha na cidade de Amambai.

Além do bolo confeitado, Elizabeth levou para o filho vários itens de material escolar. A mãe conta orgulhosa que Felipe agora faz faculdade a distância e sonha em reconstruir uma vida junto com a família. “Na época foi uma decepção para a família, mas nunca deixei de vir visá-lo e nunca vou abandoná-lo mesmo que seja meu filho de coração”, diz.

No dia de visita, o movimento começa cedo em frente ao Complexo Penitenciário. (Foto: Marcos Ermínio)
Leonara diz que leva de tudo para o filho, desde de salame até bolacha. (Foto: Marcos Hermínio)

Contanto nos dedos o dia para ver o filho fora do presídio, a vendedora Leonora Francisco da Luz, 61 anos, também aguardava na fila para visitar Aparecido Francisco da Luz, 41 anos, preso por roubo. Hoje, a comemoração iria ser em dobro, uma pelo seu dia e a outra, porque falta uma semana para o filho deixar o presídio. “Eu trago de tudo para ele, desde salame até bolacha”. Leonora, uma das primeiras da fila, ficaria até as 11h com Aparecido, depois iria comemorar a data com os outros quatro filhos.

Com uma sacola cheia de sanduíches, a artesã Rosana Alves, 50 anos, aguardava para visitar pela 2ª vez o filho Rudiney Garceis Reis, 28 anos, acusado de ter matado um homem por ciúmes da namorada, no começo do mês passado na Rua Maracaju. “As irmãs e o pai disseram que não vão vir visitá-lo, mas eu venho”. Rosana acrescenta que mesmo sofrendo preconceito e humilhação não vai deixar o filho desamparado.

Movimento - Há também quem aproveite a data para trabalhar e ganhar uma grana extra. Como a doméstica Elisângela Malheiros Segóvia, 39 anos, que tem quatro filhos e a sobrinha, Suellen Segovia, 24 anos. As duas começaram a vender bolos em frente ao presídio ontem e estão otimistas com as vendas. “Aqui é um ponto bom para as vendas. As mulheres, principalmente mães, compram de tudo para agradar o filho e não se importam com o preço”, destacam as vendedoras.

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