Capital

Na entrega de residencial, a saga de quem trocou a rua pela casa própria

“Foi muito difícil e doloroso. Morei de aluguel, de favor, cheguei a dormir na rua”, conta a costureira Degina

Aline dos Santos e Fernanda Palheta | 07/10/2019 11:05
Degina (em primeiro plano) foi a primeira a receber chaves e relata dura rotina de quem não tinha lar. (Foto: Marina Pacheco)
Degina (em primeiro plano) foi a primeira a receber chaves e relata dura rotina de quem não tinha lar. (Foto: Marina Pacheco)

Após oito anos de espera - pagando aluguel, morando de favor, incluindo até dormir na rua-, a felicidade da costureira Degina Ferreira Padilha, 47 anos, cabe em 40 metros quadrados. Primeira a receber as chaves da casa própria no residencial Rui Pimentel, entregues na manhã desta segunda-feira (dia 7), ela conta que deixa para trás dias difíceis. O residencial, no bairro Paulo Coelho Machado, região do Centro-Oeste, em Campo Grande, tem 260 casas.

“Foi muito difícil e doloroso. Morei de aluguel, de favor, cheguei a dormir na rua. Minha mãe e minha filha são deficientes. Às vezes, conseguia algum lugar para elas dormirem, mas, por diversas vezes, tive que dormir na rua. Hoje, pegar a chave da casa é a realização de um sonho, a emoção é muito grande”, afirma Degina.

A satisfação é compartilhada com a diarista Eva Cavalheiro, 44 anos. “Há 17 anos, esperava pela casa própria. Foi um período de muito sofrimento, agora tudo vai mudar”, diz. Depois de esperar seis anos por um imóvel, Patrícia Gavilan Leite, 42 anos, auxiliar de professor, conseguiu se livrar do aluguel. “Agora é 100% felicidade”. 

Diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Enéas Netto conta que a obra do residencial começou em 2012, mas foi paralisada em 2015, após a falência da empresa responsável pelo empreendimento.

Segundo Enéas, em dezembro de 2018, a prefeitura e o governo do Estado fizeram aportes, respectivamente, de R$ 447 mil e R$ 563 mil, para continuidade da obra. O empreendimento foi executado pela VBC Engenharia.

Com 260 imóveis, residencial Rui Pimentel foi entregue nesta segunda-feira. (Foto: Marina Pacheco)

“Foi a primeira vez em 26 anos que a Emha conseguiu ter aporte próprio e a obra foi retomada em janeiro deste ano”. O residencial, dividido em Rui Pimentel 1 e 2, é do Minha Casa, Minha Vida. Ainda segundo Enéas, a seleção dos moradores foi pelo perfil social. Como o empreendimento é de 2012, ainda não tinha a lei do sorteio.

O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), destacou a conclusão da obra. “Essa etapa estava parada e hoje estamos entregando as casas para 260 famílias. Que deixam o aluguel, deixam de morar de favor e deixam de pensar em invadir áreas públicas ou particulares para pagarem as próprias prestações”.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) enfatizou a ação conjunta com a prefeitura. “Fizemos uma parceria e, hoje, a gente consegue entregar o residencial. Se você conversar com as pessoas, vê a alegria de quem estava esperando há anos por essa oportunidade, isso mostra que vale à pena o esforço que temos feito. O importante é não deixar obras inacabadas”, afirma.

Cada unidade habitacional tem 38,38 metros quadrados. Dos 260 imóveis, oito são adaptados para pessoas com deficiência e têm 40,12 metros quadrados. As moradias contam com sala, cozinha, dois quartos, banheiro e área de serviço.

Lado a lado, Marquinhos e Reinaldo enalteceram parceria para conclusão de obra. (Foto: Marina Pacheco)
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