Capital

Na entrega de cadeiras, sorrisos de quem vê nas rodas qualidade de vida

Paula Maciulevicius | 12/03/2013 11:48
Rafaela Duarte recebia hoje a primeira cadeira de rodas adaptada para ela, entregue pelo Cer (Centro Especializado de Reabilitação). (Fotos: Vanderlei Aparecido)
Rafaela Duarte recebia hoje a primeira cadeira de rodas adaptada para ela, entregue pelo Cer (Centro Especializado de Reabilitação). (Fotos: Vanderlei Aparecido)

Com um sorriso no rosto e falando com certa dificuldade, pelas restrições de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), Rafaela Duarte, 16 anos, sentava hoje pela primeira vez em uma cadeira de rodas adaptada ao tamanho e às necessidades dela.

Desde junho com sequelas de um derrame, ela trocou a cadeira antiga por uma novinha em folha. Mais confortável, bonita e até mesmo com o cheirinho de coisa nova. “É muito melhor essa, porque é mais confortável e eu consigo me mexer melhor”, dizia Rafaela.

A paciente é assistida pelo Cer (Centro Especializado de Reabilitação), que aberto há um ano e dois meses, está na sexta entrega gratuita de cadeira de rodas. Com as de hoje, se aproxima de mil unidades entregues pelo SUS (Sistema Único de Saúde). 

O coordenador do Cer, o fisioterapeuta Rodrigo Lucchesi, reforça que o Centro está aberto para atendimento, para a retirada de cadeira de rodas e que para isso só é preciso passar por uma avaliação e fazer o pedido. “A pessoa chega, a gente liga e as cadeiras vêm direto do SUS. São fornecidas de forma gratuita e ainda assim tem pessoas que compram, mesmo sem (ter) condições”, comenta.

Para quem já nasceu tendo que se locomover usando uma cadeira de rodas, o desejo foi realizado hoje. Lorrayne Castro Alexandre, 10 anos, saía do Cer com uma cadeira de mocinha. “Eu queria uma grande, de mocinha. Esta é melhor ainda”, dizia toda sorridente. Agora a atenção dela para as crianças na escola e também para a irmã em casa. “Eles adoram pegar a cadeira, tem que ficar de olho. É curiosidade, de brincar”.

‘Seo’ Adelino é quem fecha a entrega com chave de ouro. Aos 56 anos, Adelino Alves de Souza tem 34 anos como cadeirante, depois de um tiro disparado contra a coluna dele em um assalto enquanto trabalhava como taxista.

“Só porque não anda mais, a vida não pode parar não. Você pagou quanto pela vida hoje? Nada. Então porque eu vou reclamar de algo?”. É assim que encara a vida o aposentado Adelino Alves, 56 anos.

A primeira cadeira de rodas ainda foi no hospital, dada pela assistente social da Santa Casa. Como ele não parou de trabalhar, foi comprando até que passou a retirar pelo SUS. “Essa é melhor, nem tenho dúvidas. É mais leve, porque a gente vai envelhecendo e não tem mais força. Aí começa a complicar. Hoje a gente não deve mais comprar, e sim correr atrás até porque é dinheiro nosso”, destaca.

A independência do ‘seo’ Adelino vem da mobilidade que ele adquiriu com o passar do tempo. Não reclama de nada, nem de dar entrevista debaixo de sol quente. “Aí vai queimar meus cabelos”, brinca. Aposentado hoje, o taxista é careca.

“No meu caso, vou adaptando, me virando. Tem que trabalhar, só porque não anda mais a vida não pode parar não. O negócio é assim: você pagou quanto pela vida hoje? Nada. Então porque eu vou reclamar de algo que ganhei de graça como a vida? Porque se aborrecer?” Diante da questão, a resposta é adotar o mesmo lema de vida de Adelino.

Na sexta entrega de cadeiras, os atendentes do Cer vêm no rosto de cada um dos pacientes o sorriso de alívio. “É gratificante, a gente vê no rosto um sorriso. Muda a vida da pessoa, a qualidade de vida dela”, resume o coordenador Rodrigo Lucchesi.

O Cer fica na rua Carlinda Tognini, n° 251, na Vila Progresso. O telefone de contato do Centro é o 3045-5005.

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