Na 1ª ocupação desde mudança do Incra, comerciantes contabilizam prejuízos
Com colchões, mantimentos e caixas de som, a presença de 600 famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-terra) no prédio do shopping Marrakech fez os lojistas contabilizarem prejuízos na manhã de hoje (5).
Esta é a primeira vez que os movimentos sociais realizam um ato de protesto no shopping, desde que o Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) passou a funcionar no local, em outubro do ano passado. De “mala e cuia”, os sem-terra garantem que o ato não tem data para acabar, até que haja um acordo satisfatório quanto à retomada da Reforma Agrária.
“Hoje não entrou nenhum cliente. Esse tumulto, essa multidão parada na frente, inibe a entrada das pessoas”, afirma Dayane Borges, gerente de uma loja de roupas que há dez anos funciona no Marrakech.
Na época em que a mudança de sede foi anunciada, os lojistas apostaram no “renascimento” do comércio, que durante anos ficou abandonado. A administração do Marrakech, acrescenta Dayane, distribuiu uma notificação na sexta-feira, informando sobre a ocupação, e optou por manter as portas abertas. O proprietário da loja de roupas estava à caminho para verificar a situação e definir se continuaria aberta.
Hoje, tudo funcionou normalmente, inclusive o Incra. Por medida de segurança, a entrada da rua Antônio Maria Coelho foi fechada, e o acesso é feito somente pela rua 25 de Dezembro.
“Mas não atendemos ninguém. E, pelo que estamos ouvindo, é para ficarmos preparados para esse protesto durar a semana toda”, conta a funcionária de um salão de beleza, que não quis ter o nome divulgado.
Por outro lado, na única lanchonete do shopping, a proprietária era só sorrisos. Segundo ela, a venda triplicou durante a manhã. “Foi o dia que mais vendi, depois de seis anos. Por mim, está tudo certo, e que eles venham mais vezes”, diz.
As lideranças dos movimentos aguardavam reunião com o superintendente do Incra-MS, Celso Cestari. Depois de ouvi-lo, definiriam por manter, ou não, a ocupação.