Capital

Mulher diz que ficou com bebê para protegê-lo de ritual de magia negra

Aline dos Santos e Francisco Júnior | 07/12/2011 14:37

A venda de um recém-nascido por R$ 500 ganhou mais uma versão após duas das quatro mulheres envolvidas prestarem depoimento.

Regilene chegou com o bebê e rosto coberto à delegacia. (Foto: João Garrigó)
Regilene chegou com o bebê e rosto coberto à delegacia. (Foto: João Garrigó)

A venda de um recém-nascido por R$ 500 ganhou mais uma versão após duas das quatro mulheres envolvidas prestarem depoimento nesta manhã na DPCA (Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente), em Campo Grande.

Identificada apenas como Regilene, a prima da mãe do bebê afirma que ficou com a menina para protegê-la de ritual de magia negra. “Ela disse que a mãe tem histórico de aborto e magia negra; e tinha medo de que a criança fosse usada em ritual”, afirma a delegada Márcia Regina Rodrigues da Mota, que ouviu o depoimento de Regilene.

A mulher chegou à delegacia com o bebê e acompanhada pelo defensor público Paulo Henrique Paixão. Ela relatou que pediu para uma mulher identificada como Janete demonstrar interesse pela criança, para que depois o bebê ficasse sob sua guarda.

Regilene faz faxina na casa de Janete, que será ouvida à tarde pela delegada. Quanto ao valor de R$ 500, o dinheiro seria dado por Janete como uma ajuda para cuidar da criança e não como pagamento. Ela também doou roupinhas para o bebê.

Com sete dias de vida, a menina passa bem e será encaminhada ao Conselho Tutelar.

Negócio - Mãe da criança, Deborah Henrique da Silva Diez Soliz, de 40 anos, relatou que o marido não queria a filha. Mas, depois, aceitou o bebê. O casal já tem um filho deficiente.

Deborah disse que a sobrinha Voeni Henrique da Silva foi quem intermediou a venda da criança. Logo após o parto, ela comentou que queria pretendia deixar o bebê no setor de assistência social da Santa Casa, para que fosse encaminhado à adoção. Mas a sobrinha disse que arrumaria uma mulher rica que ficasse com o recém-nascido.

A menina nasceu no dia 29 de novembro e a mãe teve alta no dia seguinte. Ontem, arrependida, Deborah procurou a Depac Piratininga (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) para denunciar a venda da criança. Na primeira versão relatada à polícia, a mãe disse que entregou a criança a uma mulher que estava num Pálio.

No boletim, ela afirma que Voeni teve auxílio de uma funcionária do hospital, o que não foi confirmado pela investigação.

Desde ontem, os policiais já foram à Santa Casa e à loja onde foram compradas as roupas infantis. Eles buscam câmeras que possam ter filmado as mulheres.

De acordo com a delegada, as mulheres podem ser enquadradas no artigo 238 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que versa sobre “prometer ou efetivar a entrega de criança ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa”. A pena vai de um a quatro anos de reclusão.

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