Capital

MPF denuncia médicos do HU por adulteração de atestado de óbito em 2012

MPF pede a condenação de 4 profissionais por adulterar documentos para esconder real causa da morte de uma paciente.

Anahi Gurgel | 05/07/2017 14:06
Fachada do Hospital Universitário, onde cirurgia cardíaca foi realizada em 2012. MPF denuncia médicos por fraudes em documentos. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Fachada do Hospital Universitário, onde cirurgia cardíaca foi realizada em 2012. MPF denuncia médicos por fraudes em documentos. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

A morte de uma paciente após uma cirurgia cardíaca em 2012 levou o MPF (Ministério Público Federal) a denunciar quatro médicos do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, por falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

Os profissionais são suspeitos de omitirem procedimentos executados durante a cirurgia, que culminou na morte de uma mulher após perfuração do ventrículo esquerdo. Em documentos oficiais, os médicos declararam o óbito como “causa diversa”. 

A fraude veio à tona por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça durante a Operação Sangue Frio, desencadeada em 2013.

Em escutas da Polícia Federal os cardiologistas João Jackson e José Carlos Dorsa, ex-diretor do HU, foram gravados combinando o que iriam dizer em relação a um dos procedimentos no hospital que não deu certo.

Guilherme Viotto e Augusto Daige, que também atuaram como cirurgiões no procedimento médico, e assinaram as adulterações tanto no atestado de óbito quanto no Relatório Geral de Operação do HU/UFMS.

Jackson e Dorsa, também investigados pelo CRM (Conselho Regional de Medicina), são acusados de apresentarem laudo médico fraudulento para embasar suas defesas nos autos de sindicância.

O MPF denunciou os médicos por falsidade ideológica e pede a condenação também por dano material e moral coletivo. João Jackson e José Carlos Dorsa também responderão por uso de documento falso. 

Prontuário médico de paciente que veio a óbito após cirurgia cardíaca, em 2012. (Marcos Ermínio)

Máfia do Câncer - Em maio de 2013, a família de da dona de casa Maria Domingues Lopes Dias, de 65 anos, que morreu no dia 21 de junho de 2012, procurou o MPE (Ministério Público Estadual) para contribuir com as investigações da Operação Sangue Frio.

Parentes já suspeitavam que a mãe havia sido de vítima de erro médico e teve o laudo da morte adulterado a mando de Dorsa. Gravações telefôncias mostram o médico orientando outro colega a forjar informações sobre uma cirurgia que resultou na morte da paciente, na mesma época da operação de Maria.

Desencadeada em 19 de março de 2013, a Sangue Frio apurou irregularidades ocorridas no Hospital do Câncer ( Fundação Carmem Prudente de Mato Grosso do Sul).

As suspeitas envolveram contratação empresas prestadoras de serviço de propriedade dos diretores ou vinculadas à família de Adalberto Siufi; contratação de parentes para assumir cargos nas área de finanças; cobrança indevida de procedimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) e acordos superfaturados com empresas farmacêuticas.

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