Capital

Moradores da Vila Nasser reclamam de terrenos usados como “lixão”

Paula Vitorino | 16/12/2011 14:44

Terreno no bairro é antigo “lixão” utilizado por pessoas de diversas regiões. Áreas abandonadas, com mato alto, também são um transtorno

Lixão improvisado em terreno rodeado de residências. (Fotos: Simão Nogueira)
Lixão improvisado em terreno rodeado de residências. (Fotos: Simão Nogueira)

Terrenos abandonados, com mato alto e todo tipo de sujeira são um transtorno para os moradores da região da Vila Nasser, em Campo Grande. O problema é comum na maioria dos bairros da Capital, mas na região é agravado por um “lixão” improvisado em frente a uma avenida.

O terreno fica na avenida São Nicolau, ao lado de condomínios residenciais e rodeado por casas. A área, segundo os moradores, tem uma parte particular e outra da Prefeitura Municipal.

A vizinha Maria Lucia dos Santos, de 34 anos, diz que o lixão existe há mais de 5 anos. Segundo ela, o problema é causado pelas próprias pessoas que moram na região e jogam todo tipo de lixo no terreno.

“A Prefeitura limpa, mas aí sempre tem um que vai e joga alguma coisa depois e aí os outros começam a jogar também”, frisa.

O mau cheiro é o principal incômodo para quem mora aos arredores. “O cheiro vem todo para a minha casa, ninguém agüenta. É tudo quanto é tipo de lixo”, diz a dona de casa Idelina Amorim, de 57 anos.

Ela conta que além dos perigos que o lixão oferece à saúde, o local é ainda é motivo de vergonha. “Uma mulher esses dias estava procurando um endereço aqui perto e só tinha como referência que era perto de um lixão. Ai, fiquei com tanta vergonha. Mas o pior que é verdade, virou um lixão mesmo”, diz.

A situação fica ainda pior quando chove. Maria diz que “vira uma lagoa” e até sapos aparecem. Ela tem duas filhas e diz que se preocupa com a dengue e os ratos, cobras e pernilongos que aparecem.

“É um problema pra gente”, resume.

"Quando chove aparece até sapo, vira uma lagoa ali", diz.
Moradora é conhecida como "a do cemitério de animais" por tentar reduzir o cheiro de lixão.

Mãos a obra - Por conta dos transtornos causados pelo lixão, a solução encontrada por alguns moradores é fazer com as próprias mãos a limpeza.

Cansada do cheiro forte, Idelina sempre vai até o terreno para enterrar os animais mortos e materiais orgânicos que são jogados no local.

“Fico com vergonha de receber visita em casa com esse cheiro. Aí o jeito é ir lá e enterrar o que os outros jogam”, diz.

Ela afirma que só na semana passada foi duas vezes no local para enterrar dejetos. “Passei mal do estômago o dia todo depois. A idade também pesa e minha coluna sofre com esses trabalhos”, diz.

O pintor Juvenil da Silva, de 41 anos, ressalta que o problema só vai acabar quando as pessoas pararem de jogar materiais no terreno. Ele afirma que o lixo é jogado até por vizinhos, mas que muitas pessoas vêm de longe para usar o “lixão”. Ele ainda sugere que o local seja fechado.

“Muitas pessoas que reclamam também são responsáveis por sujar”, diz.

Terrenos - Andando pelas outras ruas da Vila Nasser, os terrenos abandonados continuam por toda parte. O problema é o mesmo: nem todos cumprem a sua parte na limpeza.

A dona de casa Maria Alice de Andrade, de 50 anos, é vizinha de um terreno com mato alto e entulhos, e diz que falta conscientização.

“A gente faz o possível para manter sempre limpinho o nosso terreno. Os vizinhos do redor também sempre pagam para virem limpar, cortarem o mato, mas quem é dono desse terreno não cuida. As nossas casas ficam limpas, mas ao lado tem o terreno sujo, que pode trazer doenças”, frisa.

O lote abandonado fica na rua Taquaral. Dona Maria diz que nunca viu o proprietário no local e, muito menos, o terreno limpo.

Mato de terreno abandonado atrapalha ponto de ônibus.

Na rua Estevão Mendonça os moradores também sofrem com os terrenos abandonados. “Tenho criança pequena e a gente fica preocupada com as doenças, os ratos e outros bichos que aparecem”, diz a moradora Priscila Souza, de 21 anos.

Em dos pontos, ela chama a atenção para o mato que atrapalha as pessoas que ficam no ponto de ônibus.

O cabeleireiro Edir de Souza Vieira, de 28 anos, ressalta que os donos só limpam quando são multados pela Prefeitura. “Só com multa pra cuidarem”, diz.

Fiscalização- Segundo a legislação municipal, a responsabilidade pela limpeza e conservação de terrenos particulares compete ao proprietário.

A legislação estabelece que os proprietários dos imóveis são responsáveis, ainda, pela construção de calçadas e por mantê-las em perfeito estado de conservação. Os terrenos devem ser mantidos limpos, capinados, drenados e calçados.

O proprietário que descumprir a exigência pode ser notificado, recebendo o prazo de 30 dias para regularizar a situação. Se mesmo assim o terreno não for limpo, o proprietário pode receber multa que varia de R$ 1.375 a R$ 5.50

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