Menino salva irmã, mas tem 60% do corpo queimado ao brincar com álcool
Irmão mais velho evitou situação mais grave
Thiago Jean Phillipe Teixeira de Souza, oito anos, está internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da Santa Casa de Campo Grande com 60% do corpo queimado.
Ele está no hospital desde o dia 31 de março quando se queimou ao salvar a irmã de dois anos, Sara, quando brincavam com álcool e fósforo na calçada de casa, no bairro Coophamat.
O estado das duas crianças só não é mais grave porque o irmão mais velho delas, Matheus Jean Teixeira de Souza, 11 anos, viu a situação, teve calma e pediu socorro.
A avó das crianças, Luzia de Souza Teixeira, 76 anos, conta que Thiago pegou o álcool que estava escondido em cima do guarda-roupa e jogou na calçada. Ele fez uma espécie de trieiro com o líquido e acendeu um fósforo.
O resultado da brincadeira foi chamas, as quais “correram” pelo caminho com álcool, derrubaram a garrafa e iriam atingir Sara. No entanto, Thiago entrou na frente da irmã e o fogo o consumiu.
Ao ver o irmão praticamente em chamas, Matheus que segurava uma garrafa de água mineral, jogou o líquido no irmão e o levou para o tanque. Ele ajudou Thiago a subir e, com um pote, jogava água no menino.
No momento do acidente, as crianças estavam com a secretária da casa. A mãe tinha ido ao médico e o pai, o professor Jerson de Souza. 41 anos, estava em Brasília.
Matheus diz que a secretária entrou em pânico e não conseguia ter atitude nenhuma. Vizinhos viram a situação e ele pediu que chamassem o Corpo de Bombeiros, que levaram o garoto e a irmã para a Santa Casa.
Sara foi para o quarto, onde Matheus a encontrou rolando no chão. “Ela gritava ai meu pezinho, ai meu pezinho”.
Danado- Vizinha da família, Josina de Almeida Lima, 49 anos, conta que Thiago é muito levado. Foi ela quem acompanhou as duas crianças na ambulância dos bombeiros.
Segundo ela, por causa disso, os pais têm cuidados redobrados com objetos e produtos perigosos dentro de casa. A avó conta ainda que os pais de Thiago brigavam com o menino com frequência e o colocava de castigo por conta das brincadeiras com o produto.
A avó deles declara que a mãe tinha comprado o álcool um dia antes para utilizar na limpeza de casa. Como sabe que o filho é danado e gosta de brincar com fogo, escondeu o produto em cima do guarda-roupa.
Mesmo assim o menino viu, conseguiu pegar e causou o que o pai definiu como “fatalidade”. “Foi uma fatalidade que acontece”, disse Jerson.
Ele explica que a família tem todos os devidos cuidados com tudo que possa oferecer risco aos filhos e por isso o que aconteceu foi uma fatalidade.
Estado de saúde - Jerson diz que Thiago está se recuperando das queimaduras de segundo e terceiro grau e faz limpeza constantemente nas feridas.
A avó fala que o rosto do neto “ficou irreconhecível”. As chamas também atingiram braços, pernas e as costas.
Ele foi levado para UTI nesta segunda-feira e precisa com urgência de sangue tipo B+. Doações podem ser feitas no banco de sangue da Santa Casa nominal a Thiago.
Sara teve queimaduras na perna esquerda e está bem.
Procedimento- O médico pediatra Antônio Graciliano Arguello Filho explica que o procedimento adotado por Matheus com o irmão é o mais indicado. “Lavar com água fria de preferência”, diz.
De acordo com ele, a água fria ajuda a diminuir a dor. Analgésicos também são indiciados até que haja atendimento médico.
Antônio Graciliano lembra ainda que é fundamental deixar fora do alcance das crianças qualquer objeto e/ou produto que ofereça risco. "De preferência trancar em algum lugar".