Capital

Médico alvo de operação da PF coloca tornozeleira; empresário é aguardado

O cardiologista e o empresário Pablo Augusto são considerados os “cabeças” da organização criminosa que fraudava licitações para lucrar com contratos do HU e do HR

Geisy Garnes | 26/01/2018 17:18
Equipes da PF no Hospital Universitário, onde Mercule é autoridade no setor de hemodinâmica (Foto: André Bittar)
Equipes da PF no Hospital Universitário, onde Mercule é autoridade no setor de hemodinâmica (Foto: André Bittar)

O cardiologista Mercule Pedro Paulista Cavalcante compareceu ao Patronato Penitenciário de Campo Grande na tarde desta sexta-feira (26) e já usa tornozeleira eletrônica, conforme determinado pela Polícia Federal. O médico é apontado como o “cabeça” das fraudes em licitações e superfaturamento de materiais hospitalares no Hospital Universitário e Regional.

Conforme apurado pela Campo Grande News, os segundo alvo da Operação Again, o empresário Pablo Augusto de Souza Figueiredo, ainda não cumpriu a determinação judicial. Ele tem até domingo (28) para instalar o aparelho de monitoramento.

Esquema – Os dois são considerados pela PF e pela CGU (Controladoria Geral da União) os líderes de organização criminosa que fraudava licitações e superfaturava materiais hospitalares para lucrar com recursos públicos desviados. Contratos com o Hospital Universitário e Hospital Regional eram usados no esquema.

Além dos principais alvos da força-tarefa deflagrada ontem, mais seis servidores dos hospitais são investigados. Em entrevista coletiva concedida à imprensa, o delegado Marcelo Botelho, que comanda o inquérito, explicou que licitações de ambos os hospitais eram direcionadas com cláusulas restritivas para beneficiar determinadas empresas, que pagavam propina ao cardiologista e outros profissionais envolvidos.

Em alguns casos, o Mercule atuou diretamente nos processos licitatórios. As próteses, que custam cerca de R$ 800 no mercado, chegaram a ser vendidas as unidades públicas de saúde por R$ 2 mil. Os equipamentos comprados pelos hospitais públicos também eram desviados pelo profissional para uso nas clínicas particulares e até próteses vencidas eram usadas.

As empresas Amplimed Distribuidora de Produtos Hospitalares Ltda., que pertence a Pablo Figueiredo, e QL Med são investigadas. As duas tiveram contratos, firmados em 2016 e 2017, que somam R$ 12 milhões com o HU e o HR.

É investigado ainda o pagamento de viagens e veículos de luxo (com valor acima de R$ 200 mil) pela empresa de Pablo ao médico. Durante as investigações, as equipes encontraram pagamentos de viagens nacionais, com possibilidade de ser congresso médico e até uma viagem dos dois, acompanhados das famílias, para Miami.

A PF e a CGU se debruçaram sobre R$ 6 milhões em contratos e identificaram R$ 3,2 milhões em prejuízos aos cofres públicos.

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