Capital

Marido de jovem assassinada em atentado foi jurado de morte por facção

O crime seria vingança por outro assassinato. Quando foi ferida a vítima estava com as filhas de 4 meses e 4 anos no carro

Geisy Garnes e Liniker Ribeiro | 02/04/2020 16:32
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu socorreram a vítima na Avenida Ministro João Arinos, mas ela não resistiu (Foto Henrique Kawaminami)
Equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu socorreram a vítima na Avenida Ministro João Arinos, mas ela não resistiu (Foto Henrique Kawaminami)

Informações apuradas pela Polícia Civil apontam que o marido da jovem executada em um atentado, na tarde desta quinta-feira (2), estava jurado de morte por uma facção criminosa. O crime de hoje seria vingança por outro assassinato. A vítima, identificada como Sônia Estela Flores dos Santos, de 22 anos, estava com a filha de 4 meses no colo quando foi ferida.

Conforme o delegado Ricardo Meirelles, da 3º Delegacia de Polícia Civil, investigações preliminares já descartaram motivação passional para o crime e confirmaram que Sônia foi atingida por engano.

Ao Campo Grande News, o delegado afirmou que o atentado dessa tarde foi encomendado por uma facção criminosa, para vingar um assassinato supostamente cometido pelo marido da vítima.

Para a polícia o homem contou que há cerca de um ano foi acusado de matar um “menino” e chegou a ser preso pelo crime. Depois de seis meses na prisão, a principal testemunha do homicídio mudou a versão e ele foi solto. Há dois meses estava morando com a família de novo e nessa tarde saiu de carro, um Chevrolet Celta, para deixar a mãe da na casa da irmã, no Jardim Noroeste.

Em depoimento relatou que ao deixar a residência da irmã, percebeu os autores observando, parados em uma esquina. Eles estavam de moto, e assim que a família saiu de carro foi perseguida pela dupla. Nas palavras do homem, logo o motociclista emparelhou com ele e o passageiro sacou a arma e atirou.

Esposo da vítima ainda com sangue nas mãos. (Foto: Henrique Kawaminani)

Foram dois disparos. Um deles pegou no rosto de Sônia, que estava no banco de passageiro com a bebê de apenas 4 meses no colo. A filha mais velha da vítima, de 4 anos, estava no banco de trás. Desesperado, o marido da jovem arrancou com o carro e dirigiu até o Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande.

Foi na unidade prisional que pediu socorro. Enquanto um agente penitenciário acionava o Corpo de Bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), uma equipe decidiu escoltar a família até um hospital.

Os socorristas encontraram o Celta no meio do caminho, na Avenida Ministro João Arinos. Ali, as margens da via, foram feitos os primeiros atendimentos a mulher, mas ela não resistiu. Para a equipes de reportagem, o marido de Sônia não quis se identificar, só afirmou que a filha e a enteada estão bem e não foram feridas. Confessou também que sabia estar “jurado de morte” pelo suposto assassinato que cometeu.

Equipes da Polícia Militar fazem buscas em toda a região para encontrar os assassinos. A Polícia Civil também trabalha para identificar os autores e ouve testemunhas do crime.

O assassinato de Sônia foi o primeiro homicídio registrado durante os 15 dias em que vigora a quarentena e as várias medidas de restrição de circulação para prevenção do coronavírus em Campo Grande. Nas primeiras semanas do mês passado, foram sete execuções na Capital, mas com o toque de recolher os casos zeraram.  

Antes do atentado desta tarde, o crime de maior violência na cidade foi o roubo seguido da morte do contador Aparecido Ferreira da Silva, de 49 anos. Os dois assassinos, de 19 e 20 anos, fizeram uma armadilha para a vítima e roubaram o carro dela. A ocorrência entra nas estatísticas como roubo majorado.



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