Capital

Mães da Fronteira fazem ação para construir sede e reforçar movimento

Luana Rodrigues | 15/11/2015 12:34
Voluntários trabalham na organização do almoço. (Foto: Gerson walber)
Voluntários trabalham na organização do almoço. (Foto: Gerson walber)

"Se todos olhassem a sua volta e se preocupassem com o outro, teríamos muito menos violência em todos os sentidos". É assim que a presidente da associação "Mães da fronteira", Lilian Silvestrini, explica uma das principais lutas da entidade, a de conscientização da população sobre a cultura de paz. Em um churrasco beneficente realizado neste domingo(15), que terá a renda revertida para a construção da sede própria da associação, as mães falaram em solidariedade aos problemas do próximo e punição de criminosos para reduzir a violência.

De acordo com a presidente, o trabalho da associação tem crescido a cada dia e por isso a busca pela sede. "Estamos tendo um apoio muito grande por parte da população, mas toda associação tem suas contas, por isso decidimos realizar o almoço", explicou.

Desde de 2012, Lilian Silvestrine e Angela Fernandes lutam, por meio da associação, pela defesa dos direitos humanos, na busca por transformar cada família em agente na luta contra a violência no Mato Grosso do Sul e no Brasil. "Não adianta acharmos que o problema do outro não nos afeta em nada, pelo contrário, é a partir da preocupação que podemos evitar tristezas para nós mesmo", considera Angela, vice- presidente da associação.

O fim da impunidade é outra bandeira levantada pela associação. Segundo Angela, o Estado e o país, estão regredindo quando o assunto é punição de criminosos. "A única preocupação dos políticos é em esvaziar os presídios a partir da política de regeneração dos criminosos. Política essa que não tem nenhuma ação específica, já que os presos não recebem nenhum tipo de orientação dentro dos presídios e acabam voltando para ruas mesmo sendo totalmente incapazes de conviver em sociedade", afirmou.

Lilian Silvestrini e Angela Fernandes, presidentes da associação. (Foto: Gerson Walber)

O churrasco acompanhado por arroz, salada, mandioca e "carinho"(como acrescentou a presidente da associação), começou por volta das 11h deste domingo. O local onde ocorre o almoço é a Associação dos Amigos do Biribol, no bairro Paraty. "É uma causa muito justa e no que pudermos vamos colaborar, pois acreditamos que esse trabalho delas pode ajudar a melhorar a segurança de todos no Estado", afirmou o presidente da associação que cedeu o espaço, Marcelo Micheli.

Todos os 200 convites do churrasco já foram vendidos, mas quem quiser colaborar com a associação pode entrar em contato pelo site "Mães da Fronteira", e participar de projetos e eventos se tornando um associado. "Queremos paz, queremos uma nação que proteja nossos filhos. Que possamos juntos lutar contra a violência e acabar com a impunidade".

Do luto à luta - A Associação Mães da fronteira nasceu após o brutal assassinato de Breno Silvestrini e Leonardo Fernandes, filhos de Lilian e Angela, que ocorreu no dia 30 de Agosto de 2012. Os dois foram mortos após terem sido sequestrados na saída de um bar, em Campo Grande.

Breno tinha 18 anos e Leonardo com 19, ambos estavam cursando Universidade Federal, "cheios de vida, de amor e de esperança por um mundo melhor. Breno com seu olhar meigo, com seu jeito quieto e observador adorava animais, esportes e seu melhor lazer era estar com amigos numa roda de tereré. Leonardo com seu jeito espontâneo, um poeta promissor, adorava andar de skate que era seu esporte preferido, tocar violão e cavaquinho eram seu passatempo e seus amigos eram seu horizonte, amigos estes que cultivava desde pequeno, inclusive o Breno seu melhor amigo", é como são descritos no site da associação.

Os dois foram mortos por marginais que queriam a camionete em que eles estavam para trocarem por 3 quilos de drogas na Fronteira Brasil/Paraguay." Nossa luta então começou. Não queríamos acreditar na possibilidade de vivermos sem nossos filhos, sem a pureza de seus sonhos, sem a alegria de seus sorrisos, sem a suas generosidades diárias perante aos seres humanos e animais e sem aqueles olhares brilhantes. Mas infelizmente a crueldade e a impunidade nos fez fazer parte da triste estatística de criminalidade deste País, e assim transformamos o nosso Luto em LUTA", relatam as "Mães da Fronteira", no site da associação.

 

Churrasco está sendo realizado na Associação dos Amigos do Biribol. (Foto: Gerson Walber)
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