Capital

Mãe que há um mês tenta sepultar gêmeos terá “Dia D” na 2ª feira

Aline dos Santos | 10/01/2015 15:12
Kelma trava batalha burocrática para sepultar filhos. (Foto: Marcos Ermínio)
Kelma trava batalha burocrática para sepultar filhos. (Foto: Marcos Ermínio)

A segunda-feira será “Dia D” para a desempregada Kelma Barbosa de Oliveira, 32 anos, que luta para sepultar os filhos gêmeos. A data marca um mês da morte dos bebês, o fim do prazo para reclamar os corpos e a expectativa de conseguir vencer a burocracia e, enfim, enterrar as crianças. 

Depois de desencontros de informação, ela conta que será necessário uma declaração da Maternidade Cândido Mariano informando que os corpos não serão destinados a estudo e análise.

O dado consta nas certidões de óbito, que a partir do documento serão retificadas em cartório. Somente vencida essa etapa, a funerária e cemitério podem cuidar do sepultamento. Caso passe o prazo de 30 dias, a questão pode até ir parar na justiça. O temor da mãe é de que os gêmeos sejam descartados como resíduo de gestação.

O drama da mulher, que teve a primeira gravidez encerrada de forma trágica, foi mostrado pelo Campo Grande News. Ontem de manhã, ela procurou auxílio da Defensoria Pública, na rua Antônio Maria Coelho, mas foi informada que o atendimento ao público é realizado somente de segunda a quinta-feira. Horas depois, em outra unidade da Defensoria, na Rua da Paz, conseguiu atendimento preliminar, por telefone, com o assessor de um defensor.

Porém, ainda ontem, foi procurada por um defensor público. A explicação é de que a situação pode ser considerada aborto tardio, mas, como há certidão de nascimento, os bebês podem ser sepultados. Nesse tipo de aborto, são feitas certidões de nascimento e óbito somente se a família quiser. Caso contrário, o hospital cuida do corpo.

De acordo com Kelma, o defensor entrou em contato com a maternidade, que se comprometeu a manter os bebês mesmo após o prazo de 30 dias. Ela também solicitou o prontuário de atendimento e estuda entrar com ação de danos morais contra a maternidade.

Kelma conta que recusou atendimento psicológico após a perda dos gêmeos. “Mas não sabia que a recusa ia quebrar o ciclo de outros atendimentos da assistência social”, diz. O enterro deve ser feito de forma gratuita pela SAS (Secretaria Municipal de Políticas e Ações Sociais e Cidadania), pois a mãe não tem recursos.

Ontem, o Campo Grande News entrou em contato com maternidade, que pediu tempo para se inteirar do caso e ainda não se manifestou. 

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