Capital

Junta médica vai decidir alta de vítima de estupro coletivo há 10 dias

Vítima disse que quer voltar para acsa, mas pedido foi negado por médicos

Clayton Neves | 29/06/2021 20:58
Hospital Universitário de Campo Grande onde a vítima está internada. (Foto: Henrique Kawaminami)
Hospital Universitário de Campo Grande onde a vítima está internada. (Foto: Henrique Kawaminami)

Junta médica do Hospital Universitário de Campo Grande vai decidir sobre alta da transexual de 54 anos, internada há 10 dias depois de ser estuprada e agredida por dupla de criminosos. Para a advogada e amigos próximos, a vítima disse que deseja voltar para casa, no entanto, o pedido foi negado pela equipe que a acompanha na unidade de saúde. 

“Ela disse que queria ir para casa, mas o médico não quis dar alta a ela. Falou que vai reunir toda a equipe médica para decidirem juntos sobre a liberação”, explica a advogada da vítima, Adriane Cardoso. Segundo ela, em uma perspectiva otimista, a mulher trans pode ser liberada para voltar para casa no fim de semana, mas a possibilidade ainda é incerta. 

Em nota, a assessoria de comunicação do HU informou que a paciente está evoluindo bem e um pouco mais comunicativa. Ela aguarda resultados de exames e recebe acompanhamento dos curativos da cirurgia de reconstrução do reto, realizada no domingo (27). “Ela faz uso de um dreno, se alimenta com dieta líquida e está tomando medicações. Estamos realizando exames de doenças infecciosas”, afirmou a unidade. 

Apesar da expectativa para alta, o retorno para casa ainda é motivo de preocupação para a vítima, amigos próximos e para a família. “Ela mora sozinha, mas não deve voltar para casa. Vai ficar com algum amigo para que seja cuidada de perto. A grande questão é que todos os que estão envolvidos nessa tragédia estão com medo”, relata a advogada.

Mesmo abatida e com traços depressivos, a mulher já foi ouvida pela Polícia Civil por mais de uma vez, no entanto, detalhes do que foi apurado até o momento não serão divulgados para que as investigações não sejam prejudicadas. Bárbara Camargo, delegada responsável pelo caso, disse que a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) tem"trabalhado incansavelmente" para esclarecer o crime, que segue sendo investigado. 

Crime - A vítima foi sequestrada por dois homens por volta das 11 horas do dia 18 de junho. Eles estavam em um carro vermelho e a abordaram no bairro Vila Sobrinho. Encapuzada, a vítima foi levada até uma residência, onde ela foi agredida e obrigada a manter relações sexuais com um cachoro. Depois disso, os criminosos abandonaram  próximo ao Cemitério Santo Amaro.

O caso não foi denunciado porque a vítima teve vergonha de contar sobre o que havia acontecido. Só veio à tona uma semana depois porque a mulher trans contou para amigos próximos que estava com o lado do corpo totalmente paralisado. A situação era sequela da sessão de estupro.

A Deam investiga e procura pelos bandidos que vão responder por sequestro qualificado, estupro coletivo, injúria racial e lesão corporal dolosa grave. 

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