Capital

Chuva sem trégua vira drama para moradores do Jardim Imá

Aline dos Santos e Ricardo Campos Jr. | 04/03/2011 10:09

Para família, dia começou às 5h, quando a água começou a molhar os colchões

“Um dia só a gente aquenta. Mas faço dois, três dias o mesmo serviço. Não aguento mais”, reclama Ivanilde. (Foto: João Garrigó)
“Um dia só a gente aquenta. Mas faço dois, três dias o mesmo serviço. Não aguento mais”, reclama Ivanilde. (Foto: João Garrigó)

A chuva sem trégua que atinge Campo Grande faz com que os moradores do Jardim Imá vivenciem uma extenuante luta contra as águas. Ontem, bombeiros passaram toda a tarde na casa do pedreiro Basílio Ferreira Meireles, de 70 anos, retirando a água com uma bomba.

Mas o alívio durou pouco, a chuva de ontem à noite voltou a alagar a casa. “Faz dois dias que a gente está dentro da água”, conta Ivanilde Cândido Meireles, de 67 anos, esposa de Basílio.

Hoje, o dia começou às 5h, quando a água começou a molhar os colchões espalhados pela sala. No local, estavam o casal de idosos, a nota e dois netos. “Faz três dias que não durmo. O meu marido está ficando doente. Ele fica nervoso porque não pode fazer nada. Fica revoltado”, relata Ivanilde.

A família mora na rua São Luiz. O terreno tem três imóveis. Dono de uma das casas, o neto de Basílio desistiu de ficar no local e foi para a casa de parentes de sua esposa.

Na casa do pedreiro, a cena é de uma vida provisória. Há móveis levantados por todos os cômodos. Enquanto os pesados móveis de madeira apodrecem na água da chuva, contaminada pelos dejetos da fossa.

“Um dia só a gente aquenta. Mas faço dois, três dias o mesmo serviço. Não aguento mais”, reclama Ivanilde, que por volta das 9h, ainda tentava preparar o café da manhã.

“A gente não dorme, fica só preocupado. Não sabe nem para onde vai se encher mais”, conta Darcy. (Foto: João Garrigó)

Na rua Maria Isaura da Fonseca, o lamento vem da moradora Darcy Silva, de 68 anos. “A gente não dorme, fica só preocupado. Não sabe nem para onde vai se encher mais”, afirma. Ela, o marido Belmiro Vilhalba, e um neto moram em uma casa de duas peças.

Na mesma rua, o aposentado Leuzino Gomes Ribeiro, de 51 anos, teve o imóvel invadido pela enxurrada. “Quase não dormi por causa da chuva. Fechamos a porta, mas a água mina por debaixo das paredes”. Hoje, ele contava com a solidariedade dos vizinhos para tentar pôr a casa em ordem. “A gente tem que ajudar”, afirma a vizinha Maria de Souza Santana.

Os primeiros quatros dias de março já acumulam mais chuva do que o previsto para todo o mês em Campo Grande. A previsão era que o mês registrasse 162 mm (milímetros) de precipitação, mas já choveram 177 mm.

Nos siga no