Capital

Irmão veio de São Paulo só para ajudar assaltante em fuga, diz Polícia

Nadyenka Castro | 10/07/2012 18:20

O que parecia uma simples visita familiar era o início da parte prática do plano de fuga de Marco Antonio Cuenca

Comparsa da fuga, Reginaldo, e o irmão que trocou de lugar com o preso, Werinton. (Foto: Minamar Júnior)
Comparsa da fuga, Reginaldo, e o irmão que trocou de lugar com o preso, Werinton. (Foto: Minamar Júnior)

Preso desde fevereiro deste ano no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima de Campo Grande, por roubo a banco, Marco Antonio Cuenca, 34 anos, só era visitado pela esposa. Cinco meses depois, no último domingo (8), recebeu a primeira visita do irmão, Werinton Velane Cuenca, 32 anos.

O que parecia uma simples visita familiar era o início da parte prática do plano de fuga de Marco Antonio fugiu do presídio pela porta da frente.

De acordo com o delegado Márcio Obara, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) , Werinton entrou na unidade penal exclusivamente para dar fuga ao irmão. Conforme o delegado, inicialmente Werinton falou que durante a visita tomou um remédio para dor de cabeça, adormeceu e acordou ‘preso’.

No entanto, ficou constatado que o único motivo da visita era a fuga. “Ele fez a carteira de visitação na quinta-feira”, lembra Obara. Werinton saiu de Jundiaí, São Paulo, de ônibus e três dias antes de entrar no presídio conseguiu a autorização da Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária) para passar algumas horas junto de Marco Antonio.

Segundo a Polícia, Werinton retornou para Jundiaí e voltou para a Capital no domingo. No início da manhã desse dia, ele entrou na Máxima, passou pelas revistas e, lá ficou. Já o irmão, Marco Antonio, fez o caminho inverso: o de saída. Passou por vários portões, assinou como se fosse Werinton e saiu pela porta da frente do local.

Câmeras de segurança da Máxima registraram a saída do assaltante. As imagens mostram Marco Antonio na área interna, na fila em meio a várias mulheres, e depois já na área externa, andando meio cambaleando em direção à rua. Os registros mostram ele também atravessando a via. A Polícia nem a Agepen cederam as imagens.

O assaltante atravessou a via para pegar uma mochila deixada pelo irmão no comércio localizado em frente ao presídio.

Assaltante Marco Antonio estava preso em Campo Grande desde fevereiro deste ano. (Foto: Paula Vitorino)

De acordo com a Polícia, Marco Antonio já planejava a fuga há algum tempo. “Ele quase não saía para o banho de sol para não ser reconhecido pelos agentes”, conta Obara. Além disso, ele sabia da rotina do estabelecimento penal.

Agentes verificaram que havia movimentação suspeita logo em seguida à saída. Ao tentarem revista na cela de Marco Antonio, internos tentaram dificultar o trabalho.

Ajuda - O plano para fugir do presídio sem ser descoberto contava com a ajuda de Reginaldo Acedo, 34 anos, que também foi preso. Cabia a Reginaldo levar Marco Antonio da frente da Máxima até a BR-262, que fica a poucos quilômetros da unidade penal.

Em depoimento à Polícia, Reginaldo disse que foi contratado por telefone, que não conhecia Marco Antonio, mas sim outros presidiários, e que receberia R$ 10 mil.

Reginaldo é de Ribas do Rio Pardo, município onde Marco Antonio assaltou uma agência do Banco do Brasil no início deste ano. Município onde também ele – Reginaldo – assaltou uma agência do Banco Bradesco, em 2006.

Ele foi condenado a 22 anos por roubo; recorreu da pena e conseguiu redução para 14 anos.

Ficou preso em São Paulo, conseguiu progressão de pena, mas, fugiu do regime semiaberto. Ficou um mês e meio foragido em Goiás e foi preso na Capital.

Na mochila que havia sido deixada para Marco Antonio estavam documentos de Reginaldo: um com nome falso e outro com o verdadeiro.

Assaltante - Marco Antonio tem várias passagens pela Polícia por roubo. O último praticado por ele, que estava foragido do regime semiaberto paulista, foi em Ribas do Rio Pardo.

O assaltante foi preso três dias depois na divisa de Mato Grosso do Sul com o Paraná, com duas pistolas calibre 380 com numeração raspada, cerca de R$ 96 mil em dinheiro e dois radiocomunicadores.

Werinton não tinha passagens pela Polícia e disse que comprou as passagens de ida e volta para Campo Grande com seu próprio dinheiro. Declarou que sua intenção era ajudar o irmão, porque tinha sido avisado que não iria ficar preso por muito tempo.

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