Capital

Hospital da Criança rompe com Unimed e cancela atendimento

Vivianne Nunes e Aline dos Santos | 28/04/2011 10:48
Hospital é referência no atendimento infantil, em Campo Grande.
Hospital é referência no atendimento infantil, em Campo Grande.

Um aviso colado em um dos quatro hospitais que, teoricamente, atenderiam crianças em Campo Grande, alerta aos pais que, a partir do dia 1º de maio a unidade não irá mais atender a conveniados da Unimed, o maior plano de saúde do Estado.

A decisão foi tomada pelo Hospital da Criança, referência no pronto atendimento infantil.

Com isso, sobram poucas opções para urgências e emergências, levando em conta que o Hospital El Kadri deixou de atender por falta de pediatras no ano passado e, dessa maneira, estão super lotados o hospital infantil São Lucas e o Pronto Med da Santa Casa.

No Hospital da Criança, a assistente administrativa Suzy Lener da Silva afirmou que o que houve foi "um desacerto comercial", mas que, nas próximas 48 horas o cenário pode mudar.

Ela explica que as empresas ainda estão em rodada de negociação mas que, o anúncio sobre a possibilidade de não atender mais a partir do dia 1º de maio é uma norma formal que exige que a decisão seja alertada com antecedência

A funcionária falou brevemente sobre o assunto e disse que o desacordo não poderia ser detalhado. O Hospital da Criança tem 21 anos em Campo Grande e há 18 atende pela Unimed. A equipe do Campo Grande News esteve na unidade esta manhã, mas não foi autorizada a fazer imagens do cartaz que indica a mudança no atendimento.

Indignação de mãe - A publicitária Solange Fávero Aranha, mãe de um menino de quatro anos, se mostrou bastante indignada ao saber da notícia pela mãe de um amiguinho da escola. “Criança é imprevisível. Hoje eles estão bem, amanhã acordam com febre, como aconteceu com meu filho hoje”, lamentou.

Ela ressalta ainda que chega a pagar R$ 270 pelo plano da criança, mas não tem visto vantagem nisso já que, não há atendimento adequado. O filho de Solange é paciente do Hospital da Criança desde que nasceu, isso por conta da confiança que tem no quadro médico. “Agora eu estou vendida, não sei onde levar meu filho”, afirmou argumentando que não confia em outros hospitais.

Iara Lúcia Ribas, 20 anos, é mãe de Nathan, de seis meses. Ela afirmou que tem Unimed e não sabia sobre o cancelamento. Ela diz que procura o Hospital da Criança porque é o melhor que conhece na cidade.

Iara Lúcia Ribas, mãe de Nathan, afirmou que tem Unimed e não sabia sobre o cancelamento.

Crise - Para o presidente da Sociedade de Pediatria de Mato Grosso do Sul e tesoureiro do CRM (Conselho Regional de Medicina) no Estado, o médico pediatra Alberto Cubel, “o problema é que se trata de uma entidade privada”. “Eles decidiram que pra eles,não vale a pena o atendimento. Eu só lamento que a Unimed não tenha entrado em acordo com eles e deixou chegar a esse ponto, mas são questões empresariais e a gente não se mete nisso”, afirmou.

Para o presidente, essa é uma crise que já havia sido anunciada há muito tempo. “Se gasta muito tempo reclamando as condições de trabalho e remuneração”, afirmou. De acordo com o médico, não faltam pediatras e o número existente é suficiente para cobrir todo o Estado. São cerca de 340 em todo o Mato Grosso do Sul, 230 só em Campo Grande. “Eu insisto que nós teríamos um número suficiente para o atendimento das crianças e do Estado, o que acontece é que os profissionais estão deixando de atender aos planos porque não já interesse pela baixa remuneração”, afirmou.

Segundo Cubel, não há como manter um consultório apenas com o valor repassado pela Unimed, que é de R$ 50 por consulta. “O ideal, para pagar as contas, seria de pelo menos R$ 80”, afirmou.

A assessoria de imprensa da Unimed informou à reportagem que a direção estava reunida na manhã desta quinta-feira e que uma resposta sobre os fatos será dada apenas no período da tarde.

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