Capital

Greve na coleta abre oportunidade de "bom negócio" com frete de lixo

Alan Diógenes | 17/09/2015 17:53
Pai e filho recolhem lixo e levam ao aterro sanitário. Valor é combinado com cliente. (Foto: Fernando Antunes)
Pai e filho recolhem lixo e levam ao aterro sanitário. Valor é combinado com cliente. (Foto: Fernando Antunes)
Idealizador do negócio, Wanderson falou que ideia é ajudar população. (Foto: Fernando Antunes)

Não foram todos os campo-grandenses que sentiram os prejuízos da greve da Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo em Campo Grande, que já dura uma semana e dois dias. Teve gente que enxergou no problema "um bom negócio". Muitos estão cobrando frete para levar o lixo em veículos ao aterro sanitário.

É o caso do garçom Wanderson de Oliveira, 32 anos, que divulgou o serviço em um site de negócio e na rede social Facebook. Somente nesta quinta-feira (17), ele e o pai já fizeram sete coletas em vários bairros da Capital utilizando uma Kombi.

“A ideia surgiu quando eu entrei no site OLX e vi diversos anúncios como: a gente pega seu lixo. Meu pai trabalha com frete e decidi fazer o mesmo. Divulguei no OLX, mas não houve procura, foi quando decidi postar no Facebook”, comentou Wanderson.

A publicação do serviço “choveu” de comentários de pessoas interessadas que a dupla recolhessem seus lixos. “Primeiro iríamos recolher só no nosso bairro mesmo, o Coophavila II, mas a procura foi grande e estendemos para outros bairros. Só não conseguimos pegar o lixo de condomínios, pois são vários sacos e em uma coleta já enche a Kombi”, destacou.

O valor do frete fica a combinar com o cliente e varia de R$ 10 a R$ 15, ou até menos, dependendo das condições financeiras e da necessidade de cada um. “O valor que pedimos é mais para colocar combustível na Kombi. A ideia mesmo é ajudar as pessoas”, mencionou o garçom.

Proprietária de restaurante pediu o serviço preocupada com clientes. (Foto: Fernando Antunes)
Sem ter local para guardar o lixo, aposentado recorreu ao frete. (Foto: Fernando Antunes)

Uma das coletas feita pela dupla aconteceu na casa do aposentado Deolindo Santana, 63, na Rua Arrobas Martins, no Jardim Monumento. Ele contou como descobriu a “novidade”. “Minha nora entrou no Facebook e viu. Como o lixo já estava incomodando pelo mal cheiro, falei que ela podia chamar os meninos”, explicou.

Os fundos do quintal do aposentado já não suportava a grande quantidade de sacos de lixo, acumulada desde o começo da greve. “A gente paga nosso imposto e a coleta de lixo, que é um serviço essencial, não pode parar. Alguém tem que tomar uma providência”, completou Deolindo.

Quem também não viu outra saída e decidiu contratar o frete, foi a dona de casa Maria do Amaral, 55. Ela possui um restaurante na Rua Abrão Júlio Rahe. “Os clientes lá nos fundos não são obrigados a almoçar sentindo esse mal cheiro, então tive que tomar uma providência. Os políticos fazem cachorrada e o povo é quem paga”, salientou.

A greve também ajudou o negócio de Milton Ferreira, 59. Ele possui uma empresa de compra de recicláveis, na Avenida Ernesto Geisel. Segundo o proprietário, o movimento de pessoas indo vender papelão ou plástico no local dobrou com a greve. “Antes vinham cinco pessoas por dia, agora vem 10. Foi bom para os catadores, porque os caminhões da Solurb levavam tudo e não sobrava nada para eles”, afirmou.

Milton disse que movimento em empresa de reciclagem dobrou. (Foto: Fernando Antunes)

O quilo do papelão e plástico é R$ 0,15, ou seja, se a pessoa chega lá com 100 quilos consegue R$ 15. “Além de estar tirando o lixo de casa, o cidadão vai estar ganhando. Ele ganha e eu também ganho. Um ótimo negócio”, brincou Milton.

A Justiça determinou a retomada da coleta, mas a Solurb alega que não dispõe de mão de obra para fazer o serviço. Os trabalhadores, que ficaram sem a cesta básica e vale gás, também descartam retornar sem o salário de agosto. Eles também deixaram de recolher, na tarde de hoje, o lixo hospitalar, que estava sendo recolhido após decisão da Justiça.

Empresa de reciclagem está lotada e materiais ficam na calçada. (Foto: Fernando Antunes)
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