Capital

Fim de parquímetro pode ajudar na rotatividade, acreditam comerciantes

No 2º dia de suspensão da cobrança, ainda tinha desavisado da mudança que comemorou

Silvia Frias e Cleber Gellio | 23/03/2022 09:45
Jussara olha para o chaveirinho que, agora, perdeu a utilidade. (Foto: Cleber Gellio)
Jussara olha para o chaveirinho que, agora, perdeu a utilidade. (Foto: Cleber Gellio)

No segundo dia de área livre de cobrança do estacionamento na região central de Campo Grande, ainda tinha quem era pego de surpresa com a novidade. Condutores e comerciantes acreditam que isso possa ser benéfico, mesmo pesando os contras que levaram à cobrança, há 20 anos.

A cobrança foi suspensa ontem, conforme decreto publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), por conta do fim do contrato, assinado no dia 22 de março de 2002.

O serviço era prestado nos quadriláteros da Avenida Fernando Corrêa da Costa à Avenida Mato Grosso e Avenida Calógeras à Rua Padre João Crippa. Ao todo, são 2.458 vagas para veículos na região.

Equipamento fechado na Rua Dom Aquino. (Foto: Cleber Gellio)

“Estranhei mesmo que estava fechado”, disse o atendente de telemarketing, Luciano Donizeti Tomiati, 39 anos, que parou o carro na rua Dom Aquino para renovar a CNH (Carteira Nacional de Habitação). 

Como viu o equipamento fechado, nem tentou acessar o aplicativo para o pagamento. Avisado pela reportagem, resolveu olhar o celular e viu o aviso de que não seria cobrado. Tomiati diz que não é contra a cobrança. “Sendo bem aplicado, ok.”

A podóloga Jussara Santigao, 51 anos, havia estacionado na Avenida Calógeras e tentou usar o chaveirinho no equipamento, que hoje, ainda está aberto, sem sucesso. 

Também foi avisada pela reportagem e, como costuma ir muito ao Centro, gostou da notícia. “É a melhor coisa, porque a gente não sabe para onde vai esse dinheiro: para as ruas? Tenho certeza de que não vai, porque, olhas as condições”. A novidade, porém, trouxe dúvida: “Mas a gente não vai tomar multa, não é?”.

Equipamento está aberto, mas não funciona. (Foto: Cleber Gellio)

Sobre o questionamento da destinação dos recursos, cerca de 28% eram repassados para Agetran (Agência Municipal de Trânsito e os recurso eram destinados à programas de educação, obras em sinalização viária e reforma dos terminais.

Thayná Cardoso, 24 anos, viu a notícia ontem no Campo Grande News e, hoje, foi ao Centro resolver várias pendências. Estudante de Técnica de Enfermagem, tem que buscar jaleco, marcou entrevista de emprego e ainda vai encontrar o irmão. “Vou ficar até meio-dia, acho.”

Thayná diz que costuma fazer um combo de atividades no Centro, justamente para otimizar o tempo e gastar uma única vez com parquímetro. A suspensão da cobrança não vai mudar esse hábito, acredita.

Para os comerciantes, a medida também é vista com bons olhos. Alex Araújo da Rosa, 41 anos, é sócio-proprietário de loja de roupas na Rua 14 de Julho. Acredita que a cobrança atrapalhava o cliente “vapt-vupt”, o que já tinha foco em uma compra, entrava, pagava e saía. “Eu acho bom [suspender cobrança], porque não agrega nada ao movimento.”

No aplicativo, já consta aviso de que não será cobrado. (Foto: Cleber Gellio)

A falta de rotatividade alegada quando o contrato foi fechado em 2002 não seria motivo de renovação da cobrança. “Os pontos positivos de não ter cobrança compensa”, disse o comerciante. Na porta da loja dele, o sistema é QR Code e, caso a pessoa não tivesse o aplicativo, teria que encontrar agente para a compra. “Aí, a pessoa queria descer rapidinho, mas tinha que achar o agente”.

O gerente de loja na Dom Aquino, Jorge Guazina, também é contra a cobrança, mas sendo estipulada, acredita que é preciso implantar um limite de tolerância para o condutor. “Uns 10, 15 minutos para pessoa sair, voltar e não pagar, aí sim, teria rotatividade que beneficia o comércio.”

Logo cedo, ainda havia vagas no Centro de Campo Grande. (Foto: Cleber Gellio)


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