Capital

Família protesta contra absolvição de homem que matou vítima a tiros

Nesta manhã, parentes e amigos de Breno da Motta se reuniram em uma manifestação contra a absolvição do assassino do rapaz

Geisy Garnes | 13/05/2018 18:58
Breno foi assassinado pelas costas em frente ao condomínio que morava no Bairro Nova Lima. (Foto: Facebook/Divulgação)
Breno foi assassinado pelas costas em frente ao condomínio que morava no Bairro Nova Lima. (Foto: Facebook/Divulgação)

A manhã do Dias das Mães deste ano começou diferente para a família de Breno da Motta Marinho - assassinado em fevereiro do ano passado no Bairro Nova Lima. Reunidos em frente ao Santuário Estadual Nossa Senhora Perpétuo Socorro, o grupo clamou por justiça em um protesto contra a absolvição de Anderson Antônio de Brito Júnior - autor dos disparos que mataram a vítima.

Aos 21 anos, Breno foi assassinado no dia 28 de fevereiro, em frente ao condomínio onde vivia com a família no Nova Lima, ele foi ferido por três disparos feitos, dois deles nas costa, e não resistiu.

Ainda aprendendo a lidar com a ausência de Breno, Rosemairy Oliveira da Motta, de 46 anos, viu novamente o mundo desabar quando o assassino do filho foi inocentado. Anderson, de 19 anos, foi julgado na quinta-feira (dia 10) e absolvido após alegar aos jurados que “tinha medo” da vítima, que era ameaçado e agiu em legítima defesa.

Foi a revolta que levou a família e os amigos de Breno à Avenida Afonso Pena neste domingo (13). Vestidos de preto e com cartazes nas mãos, eles pediram por justiça. “Não convém o que esse garoto falou. Não teve legítima defesa, meu filho nunca andou armado”, defendeu Rosemary.

“O Breno se foi, mas ele tem mãe, tem irmãos, tem padrasto, amigos, e vamos lutar por ele. Eu acredito que alguém vai ver que isso está errado, porque está errado. Ele (o autor) mentiu, já tinha premeditado”, reforçou a mãe de Breno. Diante do júri, Anderson confessou o crime, falou que só atirou quando a vítima estava de costa e que havia comprado o revólver por R$ 200 “para se defender”. Ainda assim, só foi condenado a 2 anos pelo porte de arma.

Sem conseguir esconder a indignação e a dor da perda, Rosemairy e a família pedem que o julgamento seja anulado e um novo júri realizado. “Então não teve morte? O Breno não era humano? Ele virou as costa e andou e falam em legítima defesa? Estão tratando meu filho como “menos um”, mas ele não era assim, não é nada que esse garoto está falando”.

Com as palavras, também veio o choro, a saudade, a angústia do segundo Dia das Mães sem o filho e a certeza de que daria a vida pelo menino de 21 anos. Para Rosemairy a fé em Deus, o amor pelo outros dois filhos e a vontade de lutar por justiça, são as únicas forças que a mantém em pé.

“Eu tive meu filho 21 anos nos meus braços, na minha companhia, para um covarde tirar a vida dele, pelas costas. O Breno foi injustamente assassinado, ele sabia que a mãe estava esperando. O que eu puder fazer pelo meu filho amando, Breno, eu vou fazer. Vou fazer o que precisar. Eu quero a justiça, só isso, a justiça errou. E meu sentimento de mãe, como fica?”.

Anderson durante julgamento no dia 10 de maio (Foto: Saul Scharamm)

Entenda - O crime aconteceu no condomínio Nova Lima II, na Rua Zulmira Borba, no Bairro Nova Lima, região norte de Campo Grande. O pai do réu, Anderson Antônio de Brito, 42 anos, chegou a ser acusado de dar cobertura ao filho na época, mas foi inocentado por falta de provas.

Em depoimento, Anderson contou que foi até a casa da avó, no Nova Lima, e levou o revólver calibre 32. Já na residência, o réu encontrou com o desafeto que teria feito sinal o ameaçando. Ele, então, foi ao encontro de Breno para conversar e durante o diálogo a vítima teria confirmado que o mataria e virado as costas na sequência.

O acusado sacou revólver da cintura e disparou pelos menos seis vezes, segundo a denúncia. A vítima tentou escapar, porém foi atingida com tiro nas costas e no antebraço. Breno foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu. “Atirei porque fiquei com medo dele. Não me lembro quantos disparos foram”, afirmou em juízo.

Na sentença, o júri reconheceu a materialidade e a autoria do crime, mas ainda assim entendeu que o réu deveria ser absolvido. Pelo porte de arma de fogo, o jovem foi condenado a dois anos de reclusão e 10 dias multa, em regime aberto. Isso pois, ainda durante o depoimento, ele confessou ter comprado a arma por R$ 200. Diante da decisão, o juiz decretou a liberdade provisória do suspeito, que cumpria prisão preventiva desde o homicídio.

Nos siga no