Capital

Família fala em justiça, mas aguarda laudos sobre morte em conveniência

Luana Rodrigues | 29/12/2015 09:34
Bala atravessou vidro traseiro de carro de Wendell e o atingiu na nuca. (Foto: Fernando Antunes)
Bala atravessou vidro traseiro de carro de Wendell e o atingiu na nuca. (Foto: Fernando Antunes)

Cinco dias após a morte de Wendell Lucas dos Santos, a família ainda não sabe de onde partiu o tiro que tirou a vida do rapaz, mesmo assim, espera por justiça. O jovem de 23 anos foi baleado na nuca, na véspera de Natal(24), durante um assalto em frente a conveniência na Avenida Coronel Antonino. Ele passava pelo local, quando foi atingido por um tiro, que a polícia suspeita que tenha partido da arma de um policial militar à paisana, que para evitar um assalto, atirou quatro vezes contra o ladrão.

A família de Wendell acredita que a morte do jovem poderia ter sido evitada, caso a bala realmente tenha partido da arma do policial. "Eu não sei quem atirou nele, mas se foi o policial, ele poderia evitar, afinal pra que dar quatro tiros? poderia atingir uma criança, qualquer pessoa que passava por ali. Eu sei que é difícil, mas a pessoa tinha que pensar no que estava fazendo", diz Maria José de Souza, cunhada de Wendell.

No dia em que houve o caso o delegado EniltonZalla, disse que, por enquanto, não era possível saber de onde partiu o tiro que atingiu Wendell, se da arma do policial ou do bandido, mas pela lesão em Wendell tudo indicava que o projétil partiu da arma do militar, uma pistola .40. “Foi uma fatalidade. O policial agiu por legitima defesa. Ele se apresentou como policial e pediu para o assaltante baixar a arma, mas ele não obedeceu e continuou ameaçando as pessoas que estavam em frente ao estabelecimento”, disse a autoridade policial.

"Ainda estamos em estado de choque, é muito pra poucos dias, mas na minhã opinião, depois que ficar tudo comprovado, vamos na Justiça sim, porque isso pode acontecer com outras pessoas se ficarmos calados", considera a cunhada.

Fernando Trindade Gonçalves, 30 anos, o assaltante, que morreu no local, estava armado com revólver calibre 22, abordou uma mulher de 44 anos e anunciou o assalto. O policial que estava à paisana, então, se identificou como PM e mandou que o bandido largasse a arma. Porém, Fernando disparou contra o policial, que reagiu e atirou por quatro vezes. O criminoso foi atingido por dois tiros na perna e um na região do tronco. Ele tinha várias passagens pela polícia, entre elas roubo, furto, posse irregular de arma de fogo e violência doméstica.

Caso a família de Wendell entre na Justiça, o processo corre contra a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e não contra o policial, já que a arma pertence ao Estado e o militar se identificou como exercendo sua função, apesar de estar de folga.

Tratamento psicológico - O policial militar Flávio Luiz Galioto, 33 anos, que atirou em Wendell acidentalmente, está passando por tratamento com uma psicóloga. Flávio é lotado no Batalhão de Choque da PM e, apesar do tratamento, continua trabalhando normalmente após ocorrido, conforme o subcomandante da unidade, major Marcus Pollet. Ainda segundo o oficial, a passagem pela psicóloga é um procedimento de praxe, imposto a policiais que passam por situações semelhantes à que envolveu o policial.

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