Capital

Faltam 20% dos medicamentos nas farmácias da rede pública da Capital

Remédios básicos, como dipirona, sumiram das prateleiras ou estão com exemplares limitados nas farmácias

Tainá Jara | 30/07/2019 18:31
Os medicamentos que não tiveram falta pontual estão com exemplares limitados (Foto: Arquivo)
Os medicamentos que não tiveram falta pontual estão com exemplares limitados (Foto: Arquivo)

Dos cerca de 300 tipos de medicamentos disponibilizados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), 60 sumiram do estoque farmacêutico ou estão com itens limitados. O número equivale a 20% do total de remédios fornecidos de maneira gratuita para os pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), de Campo Grande.

Problemas foram relatados com remédios básicos, como dipirona, utilizado no tratamento de dores e febres. Os pacientes também enfrentaram a falta de sulfato ferroso, para combater a anemia; losartana, utilizado no tratamento do hipertensão arterial, fluoxetina, medicamento antidepressivo; e metildopa, para tratar hipertensão gestacional e pré-eclampsia.

Falta de medicamento praticamente tornou-se rotina na vida da dona de casa, Cátia Regina Bazana, 51 anos, e seu filho de 17 anos. Receitado há um mês, os comprimidos de carbonato de lítio, estabilizador de humor utilizado em tratamentos psiquiátricos, ainda não foram encontrados por ela na rede pública de saúde. “Não é um remédio caro, mas para gente que tem pouco recurso faz diferença”, explica.

Portador de SA (Síndrome de Asperger), seu filho está sem tomar a fluoxetina recomendada pelo médico. Este é apenas um dos vários medicamentos que ele precisa tomar e está com dificuldade de conseguir de forma gratuita. O distúrbio trata-se de uma perturbação do desenvolvimento caracterizada por dificuldades significativas a nível dos relacionamentos sociais e comunicação não verbal, por interesses e padrões de comportamento restritos e repetitivos.

Em nota, a Sesau afirmou que o “desabastecimento ou falta momentânea dos mesmos é decorrente de fatores diversos sendo, em sua maioria, ocasionados por problemas burocráticos relacionados aos trâmites de licitação e por falta de matéria prima para produção o que, por sua vez, causa problemas no fornecimento por parte dos laboratórios e empresas”. O problema deve ser normalizado ainda nas próximas semanas.

O caso do metildopa é específico, pois, conforme a secretaria, está em falta em vários municípios do País e, inclusive, na rede privada. “A Sesau realizou diversos processos de licitação para compra da metildopa, mas nenhuma empresa se interessou diante da falta de matéria prima no mercado nacional para produção do medicamento, inviabilizando a distribuição no setor público e privado”. A orientação da secretaria é que as pacientes que necessitarem do medicamento, avaliem com o médico do pré-natal, para determinar se há outro medicamento que possa substituir a metildopa.

Em janeiro de 2017, ao assumir a gestão, prefeito Marquinhos Trad enfrentou desabastecimento de medicamentos (Foto: arquivo)

Medicamento controlado - A família de Cátia também enfrenta problemas com o fornecimento de medicamento controlado. A Justiça determinou que o Estado pague a quetiapina 100 mg, utilizada pelo filho no tratamento de esquizofrenia. “Ele faz com que meu filho fique mais sociável”, explica. No entanto, desde o fim do ano ela procura em vão a medicação na Casa da Saúde.

Para não ter de desembolsar cerca de R$ 600 por mês, valor das duas caixas de medicação necessárias para o tratamento, a dona de casa está recorrendo a entidades filantrópicas e doações. “Me falaram que posso pedir o ressarcimento, mas o difícil é ter o dinheiro para comprar”, lamenta.

Na semana passada, a reportagem do Campo Grande News relatou a falta de mesalazina 800 mg, utilizado no tratamento da doença de Cronh, cujo principal sintoma é uma inflamação crônica no intestino, estão entre os que estão em falta nas farmácias. Controlado, o medicamento também não era encontrado na Casa da Saúde. A SES (Secretaria de Estado de Saúde) afirmou que o remédio foi adquirido, porém, não foi distribuído ainda.

Vacinas - A crise na saúde também atinge o setor de imunização. Está em falta na rede pública de saúde da Capital, as vacinas tetra viral, DTP (tríplice bactéria) e BCG (Bacillus Calmette-Guérin) aplicadas em bebês e crianças para proteger contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, difteria, tétano e coqueluche e tuberculose. Conforme a Sesau, a previsão é de que ainda essa semana sejam disponibilizadas doses de BCG para o município e a situação regularizada. Para as demais vacinas, o município ainda deve aguardar uma sinalização por parte do Ministério da Saúde.

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