Capital

Escândalo do casal Olarte esvazia igreja, mas loja continua ‘bombando’

Casal está preso há 24 dias e segundo integrantes de congregação religiosa fundada pelo ex-prefeito, fiéis ficaram decepcionados

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 09/09/2016 18:57
Gilmar Olarte quando foi preso pelo Gaeco no dia 15 de agosto deste ano (Foto: Fernando Antunes)
Gilmar Olarte quando foi preso pelo Gaeco no dia 15 de agosto deste ano (Foto: Fernando Antunes)
A esposa dele, Andreia, quando foi levada de casa, também pelo Gaeco (Foto: Fernando Antunes)

Mesmo depois que foi afastado da política, em agosto do ano passado, e preso em setembro de 2015, fiéis continuaram do lado do pastor Gilmar Olarte, mas a segunda prisão “não deu para engolir”. De acordo com uma integrante da igreja, a diretoria da congregação estuda “cassar o mandato” do líder religioso e os cultos esvaziaram. Enquanto isso, entretanto, a loja que pertence à ex-primeira-dama, Andreia Olarte, não perdeu clientes após o escândalo envolvendo o casal.

Fundada por Olarte em 2009, a igreja Assembleia de Deus precisou adotar este nome em agosto do ano passado porque a Adna (Assembleia de Deus Nova Aliança) Ministério Santa Cruz, com sede em Cuiabá, capital de Mato Grosso, entrou com ação para proibir a comunidade evangélica da Capital de usar a marca em 2010.

O pedido foi reforçado depois que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul deflagrou a Operação Adna, em 2014. Alegaram danos à sua imagem decorrentes da ação do órgão do MPE (Ministério Público Estadual) e conseguiram decisão favorável na Justiça.

A primeira operação contra Olarte investigou articulações de pessoas ligadas à igreja fundada por ele para um suposto esquema que teria levantado dinheiro com agiotas mediante promessa de cargos na Prefeitura de Campo Grande. O recursos teriam sido usados na campanha em 2012, quando ele foi eleito vice-prefeito na chapa de Alcides Bernal (PP).

O prefeito foi cassado em março de 2014 e Olarte estava há um ano e cinco meses no comando da prefeitura, quando foi afastado do cargo, primeira consequência da Operação Coffee Break. Bernal reassumiu o posto no fim de agosto do ano passado.

O MPE já investigava, portanto, o então vice-prefeito, que supostamente havia se unido ao empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco Construções, para tramar a cassação do então chefe do Executivo municipal. Mas, foi na segunda etapa da Caoffee Break que o pastor se tornou o primeiro prefeito de Campo Grande preso. Naquela ocasião, a prisão de Olarte foi decretada no dia 30 de setembro de 2015 e ele se entregou à polícia dois dias depois.

Nada disso parecia abalar as estruturas do templo construído no bairro Coophamat – no sudoeste da Capital. Aliás, a igreja foi erguida em terreno público doado para o pastor na época que ele era vereador e a situação também passou a ser contestada na Justiça.

A imprensa chegou a retratar que, quando foi solto, no dia 7 de outubro do ano passado, Olarte foi recebido em casa por fiéis da igreja, que cantavam louvores.

Além disso, em maio deste ano, o Campo Grande News conversou com o diácono Thiago Vítor, de 33 anos, e ele revelou que o pastor Olarte continuava realizando os cultos às terças-feiras e domingos, das 19h às 21h30. Nestes dois dias, integrantes da comunidade evangélica lotavam o saguão, com capacidade para 800 pessoas, da igreja localizada na Rua do Sul.

Nesta sexta-feira (9), igreja fundada por Olarte na Rua do Sul, no Coophamat, estava fechada (Foto: Adriano Fernandes)

Debandada – Contudo, a segunda prisão do líder religioso, por força da Operação Pecúnia – a terceira enfrentada por Olarte em dois anos – foi a gota d’água. Segundo a fiel, que conversou com a reportagem na condição de ter a identidade preservada, todos ficaram muito decepcionados e muitos deixaram a igreja. “Agora, tem gente que está voltando”.

Desde que Olarte foi preso pela segunda vez, no dia 15 de agosto deste ano, o pastor Janio Faustino teria assumido as funções do pastor fundador da antiga Adna na Capital, segundo a fiel. O membros da diretoria da congregação estariam pensando que afastar definitivamente o líder preso.

Andreia Olarte trabalhando na Casa da Esteticista (Foto: Facebook/Reprodução)

Negócios – Apesar da ruína do casal como inspiração religiosa, a Casa da Esteticista, loja na Rua 14 de Julho que pode se tornar a principal fonte de renda da família, já que Olarte renunciou ao cargo de prefeito e vice-prefeito, não sofreu com o escândalo.

Uma funcionária disse à reportagem: “mesmo depois que a patroa ficou famosa, nada mudou”.

Ela revelou ainda que o comércio, especializado na venda de cosméticos, existe há 17 anos e foi aberto por Andreia Olarte, mas os filhos do casal tomaram as rédeas da empresa depois da prisão dos pais.

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