Capital

Enfermeiros entram com recurso para "entender" decisão do TJMS

Alan Diógenes | 25/06/2015 17:26
Usuários esperam atendimento com braços cruzados e mãos nos bolsos. (Foto: Fernando Antunes)
Usuários esperam atendimento com braços cruzados e mãos nos bolsos. (Foto: Fernando Antunes)
Edmara não conseguiu vacinar o seu bebê de sete meses. (Foto: Fernando Antunes)

A Comissão do Comando de Greve dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem da Prefeitura Municipal foi notificada sobre a decisão do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) determinando a volta de 80% dos enfermeiros ao trabalho, na manhã desta quinta-feira (25). Apesar da pena de R$ 3 mil diários, por descumprimento, a categoria manteve a greve, mas entrou com um recurso pedindo esclarecimentos sobre a decisão.

Conforme o representante da comissão, Hederson Fritz, a categoria está confusa e pede maior compreensão sobre a decisão. Segundo ele, se o pedido for seguido, áreas importantes da saúde sofreram mais reduções no quadro de enfermeiros.

“Eles não foram claros quanto a que áreas que devem ter 80% dos enfermeiros trabalhando, se são nos plantões ou na rotina diária. Por exemplo, hoje 100% dos enfermeiros estão trabalhando nas unidades de urgência e emergência e no Samu (Serviço de Atendimento Móvel à Urgência), então eles querem que reduzimos o atendimento. Isso prejudicaria mais ainda a área da saúde”, explicou Fritz.

Nos postos de saúde, os usuários retornam para casa sem conseguir fazer exames simples. As filas de espera também aumentaram devido à falta de enfermeiros para administrar a triagem, ou seja, atendimento prévio realizado antes da consulta com o médico.

Na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Tiradentes, mais de 40 pessoas aguardavam na fila para passar apenas pela triagem, na tarde de hoje. “Só existe uma enfermeira para fazer o procedimento. Até concordo que fazer pressão para ter os direitos é a melhor forma encontrada pelos enfermeiros, mas quem paga é a população. A fila está enorme”, mencionou a professora Carmem Lúcia Andrade, 50 anos.

A dona de casa Edemara da Silva Ballo, 32, levou seu bebê de sete meses para tomar a segunda dose da vacina contra gripe. Saiu do posto de saúde sem conseguir atendimento.

“A gente paga nossos impostos em dia e cada ano aumentam mais. Então a prefeitura deveria resolver essa situação o quanto antes. A população inteira não pode pagar pelo erro de um ou dois”, comentou Edemara.

O trabalhador rural Evanildo Barbosa de Oliveira, 54, também foi atendido no mesmo posto. Ele até conseguiu o medicamento para a dor na coluna, mas não tinha enfermeiro para fazer a aplicação. “Só me disseram que estão em greve e que não tinha previsão de volta. Agora vou ter que pagar em uma farmácia para aplicarem”, contou.

O técnico em manutenção industrial Admir Duarte de Souza, 42, só conseguiu atendimento médico depois de três horas. “Super demorado, tudo isso porque não tinha enfermeiros para fazer a triagem. Tem muita gente desistindo e indo para casa”, finalizou.

Atendimento reduzido - 100% do efetivo das unidades de atenção básica está paralisado. Nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), na área vermelha e amarela não teve redução de enfermeiros, somente 30% do pessoal que atua na aréa azul e verde paralisou as atividades.

Nos CRSs (Centros Regionais de Saúde), 70% dos enfermeiros da área azul e verde estão parados, sendo que na área vermelha e amarela não teve alteração. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel à Urgência) não houve alteração no efetivo operacional, mas 100% do efetivo administrativo parou.

O CEM também teve todo o efetivo dos enfermeiros paralisado. Já nos CAPs (Centro de Atenção Psicossocial), Hospital da Mulher e Pai (Pronto Atendimento Integral) está com 50% do efetivo paralisado.

Admir esperou três horas para passar pela triagem. (Foto: Fernando Antunes)
Evanildo conseguiu medicamento, mas não haviam enfermeiros para fazer a aplicação. (Foto: Fernando Antunes)
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