Capital

Em protesto ao fim de conselho, grupo serve banquete sem agrotóxico

Revogado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), conselho servia de controle social e participação da sociedade na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas de segurança alimentar

Mayara Bueno e Ronie da Cruz | 27/02/2019 12:53
Profissional da área de nutrição manuseia alimentos durante evento na Praça do Rádio. (Foto: Marina Pacheco).
Profissional da área de nutrição manuseia alimentos durante evento na Praça do Rádio. (Foto: Marina Pacheco).

Em resposta à extinção do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), movimentos ligados à nutrição servem um banquete com alimentos sem agrotóxicos na Praça do Rádio, no Centro de Campo Grande. A ação se chama “movimento banquetaço” e deve seguir até 15 horas nesta quarta-feira (dia 27) com distribuição de alimentos e panfletos, além de oficinas gratuitas.

Segundo Rodrigo dos Santos, voluntário do movimento de Economia Solidária, os participantes são contra a extinção do Conselho Nacional, por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o objetivo com a ação é alertar a população. A entidade então ligada diretamente à presidência, reunia representantes de conselhos estaduais e municipais para formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.

Nas tendas montadas no local, somente alimentos entre frutas e verduras que não receberam agrotóxicos – os chamados agroecológicos ou orgânicos. Chefes voluntários fazem pratos, como baião de dois (prato típico do Nordeste que leva arroz e feijão, entre outros ingredientes), abóbora orgânica com berinjela e mandioca cozida.

Mesas foram postas para distribuição dos alimentos. (Foto: Marina Pacheco).

“Vai trazer impacto, já que, a partir de agora, representantes da sociedade civil não terão mais espaço nacional de discussão de políticas públicas sobre segurança alimentar”, comenta Rodrigo. E, neste âmbito, também se discutia a questão dos agrotóxicos.

O chefe consultor Bruno Abreu, que prepara pratos no evento de hoje, afirma que se sensibilizou com a ideia, pois o Consea ajuda a conscientizar “as pessoas para uma boa alimentação no dia a dia”. A extinção preocupa, pois, a sociedade perde um espaço de discussão.

Além dos alimentos “limpos”, será distribuído um abaixo-assinado para angariar assinaturas em favor da reativação da Frente Parlamentar em Defesa da Segurança Alimentar, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O grupo existia até 2017, quando foi extinto.

A nutricionista Fernanda Maciel Mendes da Costa disse que tem “muita gente” envolvida no projeto, preparando “desde às 2 horas comida de verdade”. Para ela, “a luta tem de continuar”. “Todo mundo tem o direito de saber o que está comendo”.

Frutas sem agrotóxicos, de acordo com a organização. (Foto; Marina Pacheco).
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