Capital

Em posição de sentido, 850 alunos inauguram escolas cívico-militares

Duas escolas começam nesta segunda o ano letivo com modelo que promete oferecer mais eficiência no aprendizado

Izabela Sanchez e Danielle Errobidarte | 02/03/2020 09:13
Aluna caminha ao lado de monitor do Corpo de Bombeiros, que bate continência, símbolo da nova disciplina que aprenderão na Escola Estadual Alberto Elpídio Ferreira Dias (Foto: Marcos Maluf)
Aluna caminha ao lado de monitor do Corpo de Bombeiros, que bate continência, símbolo da nova disciplina que aprenderão na Escola Estadual Alberto Elpídio Ferreira Dias (Foto: Marcos Maluf)

De uniforme característico dos coronéis do Corpo de Bombeiros, coronel Romero Inácio de Souza bate à porta da sala 1º ano B na Escola Estadual Alberto Elpídio Ferreira Dias na manhã desta segunda-feira (2). Aguarda um instante e em seguida, aluno abre a porta, permanece em posição de sentido enquanto aguarda o próximo comando. É assim, em sóbria disciplina, que começa o primeiro dia do ano letivo cívico-militar em duas escolas estaduais de Campo Grande.

Ambas aderiram ao programa federal e oferecem o regime cívico-militar com 850 alunos matriculados. São elas a Escola Estadual Alberto Elpídio Ferreira Dias, no Jardim Anache e a Escola Estadual Marçal de Souza, no Jardim Los Angeles. Na primeira, a disciplina fica sob a vigilância de 12 militares do Corpo de Bombeiros e na segunda, quem oferece ordem são 10 policiais militares.

Às 6h40 devem entrar. Às 7h, no pátio, cantam o hino, olhando para cima onde, num palco, posicionam-se militares e docentes. Em seguida andam, em fila, para a sala de aula. Pouco tempo depois, às 9h, saem, em fila, para o lanche da manhã. No Jardim Anache, assim começou a manhã de 420 alunos que vão permanecer nessa disciplina em tempo integral.

As aulas contemplam alunos do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio, das 7h às 16h30. Além do lanche da manhã, realizam mais duas refeições na escola: almoço e lanche da tarde. Depois do intervalo de almoço, voltam às salas de aula às 13h.

Vistoria rígida olha até os pés dos alunos em uniformes da rede estadual (Foto: Marcos Maluf)
De cabeça abaixada, um dos alunos que parece aprender uma lição não segura o riso (Foto: Marcos Maluf)

Monitores – Pelos corredores, espalham-se os 12 monitores militares que acompanham cada passo dos alunos. Nenhum deixa a sala de aula se informar o motivo. Fichas sobre a rotina de cada um deles permanecem sobre a responsabilidade dos monitores. Até continência, outra posição da hierarquia militar, é vista nesta manhã entre aluno e monitor. Por enquanto, o uniforme ainda é a camiseta verde da rede estadual.

Nesta escola há 35 professores, e entre as disciplinas, uma vez por semana os alunos aprenderão "educação para a cidadania". Há, ainda, disciplinas que são optativas.

Na sala de aula, o primeiro dia do ano letivo na escola (Foto: Marcos Maluf)

Coordenadora estadual do programa das escolas cívico-militares, Eliana Vernekue, afirma que o complexo da Escola já foi construído voltado ao modelo em questão, a exemplo dos pátios onde devem ocorrer as formaturas. Na Marçal de Souza, que também tem ensino noturno, 430 alunos estão matriculados e as aulas serão ensinadas por 42 professores.

Na escola do Jardim Anache, o diretor Rudney Siqueira Bernardes já atuava como diretor adjunto em uma escola que oferecia projeto de ensino em parceria com os bombeiros.

O coronel Romero explica que os militares irão ensinar princípios da corporação aos alunos. Os monitores, diz, são militares da reserva que apresentaram disponibilidade para o trabalho. A exigência contempla patente – no mínimo 1º Sargento – perfil para trabalhar com crianças e adolescentes e a exigência de já ter realizado alguma tarefa como docente.

Coronel Romero, um dos militares que é monitor na Escola Estadual Alberto Elpídio Ferreira Dias (Foto: Marcos Maluf)

Além disso, explicou, os monitores realizaram formação específica junto à SED (Secretaria Estadual de Educação).

Além do monitoramento rígido, o coronel promete resposta rápida a qualquer transgressão, a exemplo de vandalismo. Ele afirma que qualquer risco às paredes brancas e recém-inauguradas, ou às carteiras onde estudam os alunos, terá autor identificado no mesmo dia.

O projeto para essas escolas é do governo federal. Cada escola que adere ao programa recebe R$ 1 milhão do governo, provenientes do Ministério da Defesa, para pagamentos dos militares, e do governo Federal para aplicação de infraestrutura, matérias escolares e reformas.

O Decreto de Lei 869/68 tornou obrigatória no currículo escolar brasileiro às disciplinas de Educação Moral e Cívica, além da disciplina de OSPB (Organização Social e Política Brasileira), em substituição a Filosofia e a Sociologia.

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