Capital

Em dois anos, presídio agroindustrial tem parceria fechada com sete empresas

Mariana Lopes | 10/08/2012 19:42

Hoje o semi-aberto está com 552 internos e a expectativa é que com a implantação de mais três oficinas para setembro, o número de presos contratados por empresas parceira suba de 184 para 284.

Detentos que têm direito a regime semi-aberto, acabam passando o dia no presídio para trabalhar (Fotos: Simão Nogueira)
Detentos que têm direito a regime semi-aberto, acabam passando o dia no presídio para trabalhar (Fotos: Simão Nogueira)

Inaugurado há dois anos, o Centro Penal Agroindustrial da Gameleira tem parceria fechada com sete empresas, o que, atualmente, garante trabalho e salário a 184 detentos do semi-aberto, e há um ano, 10% do pagamento deles são revertidos para melhorias no sistema penitenciário.

Em visita durante a tarde desta sexta-feira (10), para ver como está o andamento das oficinas de trabalho, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, disse que todo o planejamento desses dois anos foi concretizado acima da perspectiva. “Estou satisfeito pelo resultado tanto da parceria com as empresas, quanto da mão de obra dos detentos”, afirmou o secretário.

Segundo o diretor do presídio agroindustrial, Tarley Candido Barbosa, hoje o semi-aberto está com 552 internos e a expectativa é que com a implantação de mais três oficinas para setembro, o número de presos contratados por empresas parceira suba de 184 para 284.

O agroindustrial da Gameleira conta, atualmente, com oficinas para consertar macas do Hospital Regional, confecção de cadeiras de fio, carteira escolar e cozinha industrial. Para o próximo mês, novos internos começam a trabalhar nas oficinas de portão de elevação, pré-moldados de cimento e containeres.

Visita ao agroindustrial da Gameleira: diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira; juiz Albino Coimbra Neto; diretor do presídio, Tarley Candido Barbosa; secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini; e desembargador Romero Osme Dias Lopes, responsável pela COVEP.

Proprietário da empresa Só Cadeiras, Helton Nogueira Lima fechou parceria com o presídio há três meses e tem 18 internos trabalhando para ele, com o salário que gira em torno de R$ 700, enquanto na própria fábrica, sustenta nove funcionários, com o salário acima desse valor. “A mão de obra aqui é boa e não tenho problemas, acho que é um bom negócio”, afirmou o empresário.

Fora as oficinas de trabalho mantidas por empresas, os internos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira trabalham ainda em oficinas de serralheria, confecção de tijolos, hortas e lavoura.

Para o desembargador Romero Osme Dias Lopes, responsável pela Coordenadoria das Varas de Execução Penal do Estado de Mato Grosso do Sul (COVEP), o presídio agroindustrial de Campo Grande é exemplo de semi-aberto para o Brasil. “As parcerias com essas empresas traz renda para os detentos, e com o desconto de 10% do salário deles, a sociedade não paga mais pela manutenção do sistema”, explicou.

Segundo o juiz Albino Coimbra Neto, com o dinheiro descontado da renda dos internos foi possível reestruturar a unidade. “A verba foi investida em celas, segurança do presídio, e até no salário de funcionários. Conseguimos pagar uma psiquiatra para atendê-los e ela é paga com esse dinheiro”, afirmou o juiz.

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