Capital

Em audiência, autoridades afirmam que volta às aulas está distante

Conferência aconteceu à distância, sendo ouvidas entidades de classe, secretarias, pais de alunos e professores

Nyelder Rodrigues e Ana Paula Chuva | 25/09/2020 19:57
Volta às aulas na rede pública ainda é desejo distante de ser realizado (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Volta às aulas na rede pública ainda é desejo distante de ser realizado (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Momento inapropriado. Assim é avaliado por autoridades em saúde e educação o tema volta às aulas presenciais na rede pública de Campo Grande. Professores, especialistas sanitários, pais de alunos e representantes de classe foram ouvidos nesta tarde de sexta-feira (25) durante audiência pública da Defensoria Pública.

O evento foi realizado à distância e transmitido ao vivo no canal do YouTube da Escola Superior da Defensoria, durante quase cinco horas ininterruptas. Em geral, a opinião é que o ensino deve seguir como está, descartando o retorno em modelo híbrido.

"Não temos data para retorno. Nossa avaliação é que não é momento de retorno, falando principalmente da educação infantil, pela quantidade de alunos que temos na sala de aula", comenta a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes Ortelhado.

A secretária frisa que o retorno deverá ser muito bem avaliado, apontando ainda que dos 109 mil alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) consultados, apenas 792 não foram buscar as apostilas preparadas para enfrentar esse período de distanciamento social e também não estão tendo interação alguma com as escolas.

"Faltam menos de 50 dias letivos que não serão suficientes para recuperar o conteúdo. Não temos ainda condições para esse retorno e vamos debater muito esse assunto ainda, levando em consideração a saúde de todos os envolvidos nesse processo", destaca Elza.

Ela ainda indica que é necessário preparar melhor os profissionais da educação para um retorno presencial, sendo essa a maior dificuldade da área, já que além de questões sanitárias, também há a emocional, de alunos e trabalhadores.

Estado concorda - Representando da SED (Secretaria Estadual de Educação), Hélio Daher, superintendente de Políticas Educacionais da pasta, seguiu linha semelhante a de Elza, frisando também quando houver retorno ele deverá ser de grupos específicos, como o 3º ano do Ensino Médio, devido ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Aulas presenciais estão paralisadas desde o início da pandemia (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

"Em junho entregamos a primeira minuta e já foram feitas aquisições de equipamentos, como máscara, álcool, termômetros, entre outros, para estarmos preparados para quando for possível o retorno. O retorno gera impacto no transporte urbano também. Existe uma preocupação além da saúde para um retorno mau planejado", diz Daher.

Porém, a possibilidade de um retorno híbrido não agradou o representante da classe dos professores, Lucílio Nobre, presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública). Ele acredita que isso sobrecarregaria os profissionais.

Segundo os números apresentados por ele, são 220 mil alunos, da rede pública e privada, além de 20 mil profissionais da educação, sem trabalhar presencialmente e realizando suas atividades diárias totalmente à distância.

"Quando suspendemos tudo não tínhamos mortes e é nesse momento com todos esses números que vamos voltar? A ACP defende o não retorno, inclusive do híbrido. Como fica a situação de quem não pode voltar? Os professores já estão trabalhando mais que o normal, imagina com esse retorno hibrido?", expõe Lucílio.

Poucas respostas -  Superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), Veruska Lahdo destaca que vários critérios estão sendo adotados para avaliar a situação em Campo Grande.

Veruska opina que o momento ainda é de entender o que está acontecendo para que ações concretas sejam tomadas. "Não temos as respostas para todos os questionamentos. Foi um desafio conhecer a doença, como ela se comporta e dar a assistência para a população".

Já a secretária adjunta da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Crhistinne Maymone, frisa que não resta dúvida que houve perda para a educação nesse período, mas que a situação é "única dos cinco continentes da pandemia", havendo risco concreto de morte.

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