Capital

Dupla presa assassinou contador para vender Celta na Bolívia por R$ 5 mil

Os dois presos, de 19 e 20 anos, tiveram preventiva decretada pela Justiça nesta sexta-feira, após confessar crime

Marta Ferreira, Clayton Neves e Lucas Mamédio | 27/03/2020 11:37

 

O veículo Chevrolet Celta da vítima foi localizado em oficina mecânica. (Fotos: Kísie Ainoã)
O veículo Chevrolet Celta da vítima foi localizado em oficina mecânica. (Fotos: Kísie Ainoã)


Apesar de a fronteira do Brasil com a Bolívia estar fechada, por causa da pandemia de coronavírus, era para lá que Ryan Victor da Vera Cruz Teles, 20 anos, e Paulo Roberto Mendes dos Santos, 19 anos, queriam levar o carro do contador Aparecido Ferreira da Silva, 49 anos, assassinado pela dupla, a facadas, na tarde de 24 de março, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande. 

 O objetivo, conforme as apurações policiais indicam, era vender o veículo da vítima, um Chevrolet Celta, por R$ 5 mil. 

 Nesta quinta-feira (26), Ryan e Paulo foram presos pelo latrocínio, depois de o veículo ser localizado em oficina mecânica no bairro Colibri, em Campo Grande. Encontragos por equipe da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), os dois confessaram o crime e, hoje cedo, tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, durante audiência de custódia.

 O auto de prisão confeccionado revela que incidente relacionado ao abuso da velocidade em estrada de terra fez o plano criminoso fracassar. Depois de matar a vítima e jogar o corpo no mato, perto do assentamento Santa Mônica, entre Campo Grande e Terenos, os ladrões saíram com o veículo, mas acabaram batendo em uma pedra, o que impediu a continuação da empreitada de “arrastar” o carro até a Bolívia, a 400 km de distância.

 Os rapazes, então, conseguiram ajuda para guinchar o veículo e deixaram na oficina para orçamento do conserto, que seria pago com dinheiro da vítima. Em torno de R$ 900 foram levados do contador. 

 A partir da localização do carro, e de informações de testemunhas, como por exemplo uma que presenciou luta entre a vítima e os bandidos dentro do carro, as equipes da DEH com apoio da DEPCA  (Delegacia Especializada de Proteçã à Criança e ao Adolescente) prenderam os jovens, que são vizinhos no Bairro Guanandi.

 Eles indicaram o local onde desovaram o cadáver e contaram como tudo aconteceu. 

O delegado Carlos Delano, responsável pela investigação que prendeu Ryan e Paulo. 

“Reagiu” - Ryan e Paulo, em seu depoimento ao delegado titular da DEH, Carlos Delano, confessam que há uma semana estavam planejando o roubo do Celta, que é ano 2008 e modelo 2009. 

Dizem, ainda, que não pretendiam matar a vítima, e que isso aconteceu depois do “anúncio” de assalto, na BR-060, na saída para Sidrolândia.

 Era Ryan quem conhecia Aparecido. Conforme apurado pela reportagem, os dois se conheciam havia cerca de 8 meses, da lanchonete onde o rapaz era atendente. O contador tinha hábito de ir ao local todo dia e trocou contatos de Whattsapp com Ryan.

Por meio do aplicativo, a vítima, ainda segundo levantado pela reportagem, havia marcado de fazer programa sexual com Ryan, ao custo de R$ 200. A presença de Paulo no veículo foi justificada com um pedido de carona apenas.

 No meio do caminho, o assalto foi anunciado, o contador tentou fugir, mas acabou atingido com facadas no braço e na barriga.  

Até então, Aparecido era o motorista. A partir desse momento, o jovem de 19 anos assume o volante, a vítima é jogada para o banco traseiro, e ainda luta com o outro bandido, mas acaba desmaiando e morrendo. 

Aparecido, que Ryan conhecia como "Ferreira", não era visto desde o dia 24 à tarde. Saiu de casa dizendo à esposa que iria levar um botijão de gás a uma amiga e visitar clientes na prefeitura de Campo Grande, que não está atendendo ao público por causa da pandemia de Covid-19. 

O botijão de gás foi apreendido, assim como um celular localizado quebrado no meio do mato, além de parte do dinheiro roubado e roupas sujas de sangue.

Ryan e Paulo foram presos e confessaram o latrocínio. (Foto: Reprodução Facebook)

Os dois  ladrões foram indiciados por latrocínio (o roubo seguido de morte) e ainda por tráfico de drogas, no caso de Paulo. Ryan, segundo consta do auto de prisão, não tem antecedentes criminais. O comparsa já foi preso por tráfico de drogas e tem passagens policiais desde a adolescência.

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