Capital

Desde março longe da 'Cidade de Deus', famílias ainda estão sem casa

Christiane Reis | 14/12/2016 17:45
No Dom Antônio casas continuam sem cobertura. (Foto: Christiane Reis)
No Dom Antônio casas continuam sem cobertura. (Foto: Christiane Reis)

Há quase nove meses as famílias transferidas da favela Cidade de Deus, para áreas no Jardim Canguru, Dom Antônio e Bom Retiro, ainda têm de lidar com a frustração de não ter uma casa para morar e terão de passar mais um Natal em barracos de lona. É que as casas, construídas em sistema de mutirão estão pela metade no Canguru e Dom Antônio, enquanto no Bom Retiro há apenas alicerce e algumas paredes levantadas.

“Aqui não avançou nada. Eles vieram levantaram algumas paredes e só. Este ano acho muito difícil acontecer alguma coisa”, disse a empresária Leila Kent, 52 anos, que esta na área do Bom Retiro, região da Vila Nasser.

No Bairro Dom Antônio e no Jardim Canguru as casas foram levantadas, mas estão sem telhas e sem acabamento o que impede que as famílias deixem os barracos e se mudem para o interior das moradias.

“ A situação está bem complicada, quando chove fico desesperada porque alaga todo o barraco e não há como nos proteger. Na chuva dessa semana perdemos camas e mantimentos”, contou a dona de casa Clara Potioli, 23 anos, que mora no barraco com três filhos, todos crianças.

A vizinha Aida Chaves, 44 anos, divide o barraco com quatro filhos, sendo uma com problemas respiratórios, anemia e que está grávida de gêmeos. “Ninguém vem aqui, ninguém nos dá uma satisfação. Os dias passam e continuamos abandonados. Espero que Deus amoleça o coração dessas pessoas”, disse a vendedora autônoma, referindo-se ao município e à ONG (Organização Não Governamental) Morhar Organização Social, contratada pela Prefeitura para fornecer o material necessário para a construção das moradias.

O marido dela, Noé de Oliveira, 59 anos, é pedreiro e acredita que alguns serviços terão de ser refeitos. “Eu acho que esse madeiramento do telhado já deve estar todo podre. É muita chuva e sol”, disse.

Já a cozinheira Maria Madalena da Conceição, 57 anos, disse que apesar da situação difícil se sente feliz. “Pelo menos temos um terreno e algo encaminhado. Os dias de chuva realmente nos deixam desesperados e tristes, mas ao menos metade do caminho para uma casa nós já temos”, disse.

 

No Jardim Canguru, as moradias também estão sem cobertura. (Foto: Christiane Reis)

Canguru – No Jardim Canguru a situação é semelhante. Casas levantadas sem cobertura e famílias inteiras acomodadas em barracos nos fundos. Natani Ador, 26 anos, é dona de casa e divide o espaço com duas crianças, o marido e mais dois irmãos. “Quem tem condições já colocou telha, mas quem não tem fica assim, sem ter o que fazer”, disse.

Já a serviços gerais Raquel Medina, 27 anos, que mora com o marido e três filhos, não tem esperança de que as moradias sejam ao menos cobertas este ano. “ Ninguém nos deu satisfação de nada, acho que esse ano teremos de ficar no barraco mesmo. A esperança é que em janeiro algo aconteça”.

A reportagem tentou contato com o presidente da Morhar, Rodrigo da Silva Lopes, mas ele não atendeu e não retornou as ligações até a conclusão deste texto. A Prefeitura de Campo Grande também foi procurada para esclarecer se não há acompanhamento do trabalho, mas também não retornou até o término do texto. 

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