Capital

Após sofrer “violência extrema”, família se apóia em religião

Aline dos Santos | 25/12/2010 11:08

“Não banquem os heróis”. A frase repetida constantemente por um menino de 6 anos não veio de desenhos infantis, mas do alerta de dois criminosos que invadiram sua casa, uma propriedade rural na região das Três Barras, e impuseram horas de horror a duas famílias.

O crime – que incluiu violência sexual e roubo - aconteceu entre a noite de quinta-feira e madrugada de ontem, véspera de Natal, em Campo Grande.

Agora, a família que se preparava para vida nova – com a casa reformada e o nascimento de uma filha, tenta voltar a rotina. "A casa ficou uma bagunça, mas vamos dar uma ordem", diz a proprietária.

Grávida de 8 meses, a mulher de 28 anos, proprietária do imóvel invadido, relata ter vivenciado “violência extrema”. Armados com revólver e facas, os homens renderam os donos da casa, o filho de 6 anos, o caseiro da propriedade, um casal de amigos e o filho também de 6 anos.

Os homens e as crianças foram amarrados, encapuzados e trancados em banheiro. Depois, o grupo foi levado para um galpão. Lutador de Jiu-Jítsu, o dono da casa, de 34 anos, foi agredido pelos bandidos e ainda traz no rosto as marcas das agressões.

Já a mulheres foram vítimas de violência sexual. A gestante conta que foi molestada por um dos ladrões e contou com a “proteção” de outro, que se mostrava mais calmo, para que a violência não se intensificasse. "Esse não tocou em mim", conta.

Já a amiga, de 29 anos, foi estuprada. As vítimas receberam coquetel anti-HIV e a gestante passou a sexta-feira sob efeito de calmantes, indicados pela ginecologista que acompanha a gestação. "Estou mais tranquila, mas minha amiga está arrasada", comenta.

A grávida relata que o menos agressivo também evitava falar perto dela e em nenhum momento retirou o capuz, procedimento adotado diante da outra mulher. Para a vítima, são indícios de que ele já conhecia a família.

Em meio aos abusos, um deles afirmou que há tempos já “estava de olho” na rotina da casa, e, inclusive foi quem furtou uma furadeira quando a casa passava por obras. O equipamento desapareceu há semanas.

O imóvel foi concluído recentemente e muitas pessoas trabalharam no local durante a reforma. Funcionários da obra chegaram a ser levados à delegacia, mas não foram reconhecidos.

O ladrão levou - Depois de mais de seis horas mantendo o grupo refém, a dupla fugiu com a caminhonete L-200, que pertence ao dono da casa. O veículo foi localizado ontem na rua Oriomar Fernandes, nas Moreninhas.

Eles fizeram um “limpa” na residência, levando diversos eletroeletrônicos, como uma televisão de led. “Faz uma semana que tinha tirado a TV da caixa”, diz a grávida. Antes de findar a sessão de horrores, um deles se atreveu a fazer um pedido ao garotinho. “Ora pela gente”.

Assustado, o menino chora sempre que se afasta da mãe e nem pode recorrer à sua distração preferida. À sugestão de assistir ao desenho preferido em DVD, a resposta é em tom de lamento: “O ladrão levou dentro do aparelho”.

O caso foi registrado na Depac/Piratininga (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário. O SIG (Serviço de Investigações Gerais), o Garras (Grupo Armado de Repressão a Assaltos, Roubos e Sequestros) e a Deam (Delegacia da Mulher) estão à procura dos autores.

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